segmentos da cidadania brasileira que estavam distantes da vida
partidária, em função de um descrédito generalizado que atinge a
classe política. E estabelecer contatos com os liberais, cuja inter-
locução, depois da queda do Muro de Berlim, pôs abaixo qualquer
preconceito que, então, interditava uma maior aproximação, e
hoje é imperioso por conta da nova realidade colocada pelo inexo-
rável processo de globalização. Como demonstra a Alemanha de
Ângela Merkel, onde o CDU, conservador, e a Social Democracia,
antes adversários, hoje comungam um governo de coalizão.
Não é de hoje que alertávamos que novas instituições estavam
surgindo e apontávamos a necessidade de construir nova forma-
ção política que desse conta de momento histórico muito peculiar,
como fizemos na década de noventa com a superação do Partido
Comunista Brasileiro, PCB, pelo PPS, por reconhecermos que o
esgotamento da experiência do “socialismo real” tinha perdido
relevância histórica, tragado pelo avassalador processo que a
revolução científico-tecnológica tinha possibilitado, na gênese de
um novo processo histórico que enterrou o período da guerra fria.
Em março deste ano, o PPS realizou, em São Paulo, seu XIX
Congresso Nacional, com a participação de militantes de todo o
Brasil. No encontro, foram debatidos temas como as alterações no
mercado de trabalho, as reformas, a luta pelos direitos das
minorias, as novas formas de relações pessoais e profissionais, o
papel da esquerda democrática em um cenário de profundas
mudanças econômicas, políticas, sociais e nos costumes, entre
outros assuntos.
Como já havia sido definido naquele conclave, o PPS fará, na
segunda quinzena de janeiro de 2019, um Congresso Extraordi-
nário buscando a recomposição do campo democrático e a cons-
trução de novo instrumento de organização das demandas da
cidadania. O intuito é incorporar, de forma mais ampla, tais
movimentos, forças políticas e personalidades da sociedade civil
comprometidas com a democracia, a liberdade e as instituições,
para a gestação de um novo partido. Já foi definida, inclusive, a
mudança de nome do atual Partido Popular Socialista (PPS), um
novo Manifesto e Programa, bem como em sua estrutura organi-
zacional, exatamente para que estejamos verdadeiramente
conectados com os reais anseios dos brasileiros e com essa nova
sociedade que emerge.
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Roberto Freire