Contemporâneos do futuro
Roberto Freire
F
ortalecimento de um pensamento mais conservador não
acontece somente no Brasil, mas em vários países e regiões
do mundo, o que obriga a construção de uma nova forma-
ção política.
O resultado das eleições, realizadas em outubro último, com a
vitória de Jair Bolsonaro (PSL), na disputa pela Presidência da
República, pode ser compreendido como o encerramento de um
ciclo político iniciado a partir da Nova República (1985), período
que sucede o regime militar no Brasil (1964-1985) e cujo marco
principal é a Constituição de 1988.
Durante grande parte dos últimos 30 anos de nossa democra-
cia, o Brasil experimentou, majoritariamente, governos com
claro viés progressista, que poderiam facilmente ser classifica-
dos como de centro-esquerda no espectro político-ideológico.
Como ficou evidenciado depois do impeachment do presidente
Collor de Meio, com a assunção de Itamar Franco, seu vice, que
implementou uma série de reformas, começando pela mais
importante, o Plano Real, que estancou o crônico processo de
inflação que então vivíamos, abrindo as portas para um processo
sustentado de desenvolvimento econômico.
Depois de dois mandatos do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso (1995-2002), do PSDB, no período em que o país viu a
estabilidade econômica se solidificar, e a implementação de impor-
tantes políticas inclusivas, ampliando o mercado interno, e garan-
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