Desfazer as confusões pd52 | Page 21

e resistência democrática na sociedade são coisas diferentes e são, ambas, legítimas, quando não violam o Estado de direito. 4 – O fato do PT ter roubado a expressão ‘resistência democrá- tica’ para deturpá-la não pode levar os democratas a abandona- rem o conceito. Assim como o fato de legiões de jornalistas e analistas políticos estarem neste momento se esforçando para salvar Bolsonaro dele mesmo (e do bolsonarismo), não pode nos levar a não ver a porcentagem imensa de wishful thinking contida nesse esforço. Ambos se equivocam ao não fazerem a distinção entre governo Bolsonaro (em princípio um bem público, como qualquer governo que se mantém nos marcos da democracia) e bolsonarismo (uma corrente de opinião maligna para a democra- cia, mas que também não deve ser confundida com o conjunto dos eleitores de Bolsonaro). 5 – Os bolsonaristas revelam que são majoritaristas quando dizem que é um absurdo resistir a um presidente que o povo escolheu. Os mais radicais dizem que se não se pode nem mesmo fazer oposição a quem teve mais de 57 milhões de votos (curio- samente, é o mesmo que diziam os lulopetistas que afirmavam que o impeachment de Dilma era golpe, porque ela teve 54 milhões de votos). Ora, podemos, sim, fazer oposição a alguém que foi eleito e podemos resistir às forças políticas que são correias de transmissão de governos eleitos na sociedade. Recep Erdogan foi eleito e os democratas devem fazer oposição ao seu governo e resistir aos seus bate-paus na sociedade turca. Viktor Orban foi eleito e os democratas devem fazer-lhe oposição e resistir aos seus esbirros na sociedade húngara. Putin foi eleito e os democratas devem fazer oposição e resistir ao governo de assassinos da FSB (ex-KGB) que ele representa. Maduro foi eleito, idem. Ortega foi eleito, idem-idem. O majoritarismo é sempre uma perversão da democracia e, por isso, os democratas devem resistir ao pensamento e à prática majoritarista. 6 – Os democratas, em qualquer circunstância, devem resistir ao avanço do bolsonarismo na sociedade. Isso não significa tentar inviabilizar ou desestabilizar o novo governo, como querem fazer os lulopetistas (que não são democratas e sim, tal como os bolsonaris- tas, i-liberais e majoritaristas). Os democratas também devem resistir ao avanço do lulopetismo na sociedade. Os objetivos são distintos, mas igualmente claros. A resistência ao bolsonarismo tem como propósitos: 1) impedir que o bolsonarismo domine o governo Bolsonaro e o transforme num governo autoritário; Oposição ou resistência? 19