ciais em face do descalabro a que chegaram os poderes e serviços
de nossa República.
Para onde caminha nosso sistema jurídico? O que esperamos
de nossos advogados (logógrafos que constroem teses interessantes
aos seus clientes), de nossos promotores e procuradores de justiça
(em tese, comprometidos com valores que transcendem a mera
normatividade instituída pelo Estado) e dos membros do Poder
Judiciário (de quem cobramos a paz social e a segurança e harmo-
nia entre os poderes da República)?
E como entender a nova postura do DPF (que há cerca de
cinquenta anos foi uma instituição dependente e subordinada à
normatividade dos regimes militares e que resultou criticada por
episódios de coação e tortura a presos políticos investigados)? O
que dizer diante de seu atual comportamento como polícia judiciá-
ria federal, independente e em busca de consonância com o Estado
Democrático de Direito?
A sociedade, que é a principal destinatária do direito produzido
e dos julgamentos consumados, sempre expressa sua reverência
ou irreverência aos juízes de todos os graus. Assim como a imprensa
noticia manifestações sociais de aplausos ao ministro Joaquim
Barbosa e ao juiz Sérgio Moro, onde estes são identificados (em
restaurantes, teatros ou supermercados), também se vêem compor-
tamentos de hostilidade e censura àqueles que não honram a toga
e à profissão de fazer justiça. Quantos ministros do Judiciário, do
Executivo e membros do Congresso Nacional já conheceram e
sentiram a revolta e a insatisfação da população esclarecida?
Foi comum e quase constante a manifestação de aplausos ao
trabalho do DPF, durante e ao final da exibição nos cinemas brasi-
leiros, do filme Polícia Federal: a Lei é para todos, o que indica uma
postura de apoio da população ao combate, nos termos da lei penal
e processual, das práticas criminosas de corrupção administrativa
e política em nosso país.
As liberdades de imprensa e de informação, conquistas recentes
do nosso Estado Democrático de Direito (egresso da ordem consti-
tucional de 1988), vêm possibilitando aos segmentos sociais, prin-
cipalmente aos mais cultos, a compreensão do modus operandi dos
tribunais superiores e inclusive alguns bastidores que antecedem
aos julgamentos do STF, por exemplo. Os julgamentos colegiados
são de difícil previsão mesmo a propósito de matérias jurídicas
recentes e já sumuladas. O peso econômico e político das questões
Advocacia clássica e contemporânea
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