2. A advocacia ou logografia como prática profissional
remunerada
Na Grécia, no século V. a.C, no período democrático, onde se
tornaram comuns as postulações do povo perante os governos das
Polis, surgiu a prática denominada por Protágoras (o maior dos
sofistas) de logografia que consistia em produzir um discurso jurí-
dico para um terceiro que o utilizaria em seu interesse na ágora
(praça pública em assembleia) ou perante os juízes e tribunais.
Foram os sofistas os primeiros professores e advogados ou logógra-
fos, pois que aproveitaram o ambiente democrático ateniense para
produzir discursos (logos) na forma oral ou sob grafia e, desse
modo, atender aos clientes que pagavam alta remuneração pelo
trabalho produzido. É conhecido o exemplo do sofista Hippias, um
dos mais favorecidos com a logografia, ao ponto de tecer para
ocasiões especiais uma vestimenta de fios de ouro, tão refinado era
o seu bom gosto e a sua habilidade artesanal. Foi um dos primeiros
pensadores a admitir a ideia de um direito natural de aplicação
universal aos homens.
Era comum na sociedade democrática, diante da igualdade
formal dos cidadãos perante a lei (isonomia), e da igualdade material
para reivindicar direitos na praça pública (isagoria) e até mesmo
participar dos sorteios para preencher cargos públicos (isotimia), a
prática dos sofistas de cobrar pelas aulas e pelos discursos cuidado-
samente elaborados. Na Roma imperial, como observamos, havia
algum pudor quando do exercício advocatício, o que se explicava
porque as profissões não eram, como hoje, consideradas “um ganha
pão” ou “um meio de vida”, mas uma arte, um oficio, reservados a
alguns homens melhores, de origem nobre (aristós), que tinham pelo
nascimento, pela estirpe, garantidos um futuro de bem estar e
fartura. Poderiam, todavia, receber homenagens.
3. Sócrates, o virtuoso? Sofistas homens ímpios e venais?
Outra explicação pertinente
Platão registrou em seus Diálogos a relação de disputa e oposi-
ção entre Sócrates (mestre da aristocracia vencida) sustentado por
seus alunos que lhe forneciam casa, bens móveis e semoventes,
crédito nos mercados e tudo o que o mestre ousasse solicitar, e que
por tais motivos não cobrava por suas lições; e, de outro lado, os
Sofistas que não tinham qualquer pejo em cobrar por suas aulas,
que consideravam valorosas e úteis. É conhecida a provocação de
Advocacia clássica e contemporânea
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