Desfazer as confusões pd52 | Page 17

guiram fazer isso. Vamos ter de agradecer aos eleitores de 2018 se, em 2022, o governo Bolsonaro conseguir fazer o que se chama “arrumar a casa” e transmitir poder ao próximo governo dentro da ordem democrática. Oposição à oposição O novo governo ainda não tomou posse e os derrotados tentam se aglutinar para ganhar a próxima eleição, em 2022, sem terem as ideias, nem manifestarem as propostas para o primeiro governo do terceiro centenário do Brasil independente. Querem ganhar o próximo pleito com a mesma postura que apresentaram no último recente, com o mesmo discurso e a mesma falta de sintonia com o futuro da história. Não percebem que mais do que Bolsonaro ganhar a eleição de 2018, a população brasileira disse “não” aos que agora defendem a unidade dos derrotados. O povo disse não às siglas e aos candidatos que se autodeno- minam esquerda, que tentam agora se aglutinar sem fazer auto- crítica, sem entender onde erraram, sem formular alternativas históricas para o Brasil no mundo em transformação. Parecem acreditar que foi o povo quem errou, escolhendo outro candidato, e querem oferecer uma nova chance aos eleitores para acertarem em 2022. Dizem que o único errado é o PT, do qual agora se afas- tam, depois de terem bajulado Lula ao longo de anos. Esquecem que, no primeiro turno, o PT teve mais votos do que todos os candidatos das siglas que agora se dizem de uma esquerda não petista. E insistem em uma “esquerda” em nada diferente do que o eleitor repudiou em outubro. Não percebem o apego do povo ao país e a seus símbolos, continuam falando para as corporações, de empresários e de trabalhadores, cujas reivin- dicações asfixiam as finanças públicas. Não entenderam o esgo- tamento gerencial e fiscal do Estado, nem assumem compromisso com a responsabilidade fiscal e a estabilidade monetária. Ainda pior, não entenderam as angústias e descontentamen- tos do povo com os problemas imediatos: violência generalizada, corrupção, degradação dos costumes, filas nos hospitais, persis- tência e ampliação da pobreza e até mesmo a decadência civiliza- tória que permeia a vida nacional. Antes de fazer oposição aos vitoriosos, a nostálgica “exquerda” que tenta se aglutinar precisa fazer frente a seu próprio passado Sintonia com o povo e o futuro 15