crianças são postas para trabalhar em tenra idade . A adolescência
é eliminada . Em sociedades ainda mais antigas, não havia adoles-
cência, mas cerimônias de iniciação que faziam a criança passar
à categoria homem.
Para Morin, 1968, com as revoltas estudantis, marca a irrup-
ção, na vida política e social, de um novo tipo de classe que não é
uma classe social, mas, digamos, uma bioclasse . É uma classe que
tem caráter biológico e que, tornada autônoma, aspira a se libertar
e mostra algumas de suas aspirações profundas, mais autonomia
e, contraditoriamente, mais comunidade.
O 1968 na França levou o status quo a nocaute.
“De Gaulle faz 10 anos de governo sob marcha de protesto”,
informava em manchete de primeira página o Jornal do Brasil,
edição de 14 de maio de 1968:
Protegido por um forte contingente policial, no Palácio Eliseu,
o presidente Charles de Gaulle comemorou ontem o décimo
aniversário de seu governo, em uma França semiparalisada
por uma greve geral de trabalhadores em solidariedade aos
estudantes. Quase meio milhão de operários, universitários,
funcionários e líderes da oposição parlamentar desfilaram 9
horas seguidas pelas ruas de Paris, numa das mais amplas
manifestações de protesto ocorridas no país, nos últimos anos.
A marcante marcha de protesto partiu da margem direita do
rio Sena e era conduzida por líderes como o socialista François
Mitterrand e por Waldeck Rochet, do Partido Comunista Francês.
A marcha atravessou quase todo o centro de Paris e terminou na
Praça da República, na margem esquerda do rio Sena, onde os
universitários prometiam continuar a luta até “a derrubada do
sistema capitalista”.
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Fatos marcantes alinhados, em uma sequência tipo efeito
dominó, abalavam o mundo.
O jornal inglês The Guardian considera que 1968 foi o ano que
mudou os rumos da História: “Foi um ano de mudanças sociais e
políticas sísmicas em todo o mundo”.
O mundo nunca mais seria o mesmo.
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Luis-Sérgio Santos