Edgar Morin vai direto ao ponto, ao combustível de 1968: A
característica comum é, evidentemente, a revolta contra a autori-
dade, quer seja a autoridade dos mestres, quer seja a autoridade
do Estado, quer seja a autoridade da família tradicional.
Morin lembra que a “explosão” na França durou pouco mais
de um mês no qual aconteceu toda uma série de fenômenos impor-
tantes suficientes para se irradiarem mundo afora.
Para ele, a revolta contra a autoridade é a característica
comum em todos esses países tão diferentes uns dos outros. Quer
seja a autoridade dos mestres, quer seja a autoridade do Estado,
quer seja a autoridade da família tradicional.
Morin lembra a revolução cultural de Mao, na China, levada a
efeito de modo radical, principalmente, pelos estudantes e colegiais
que promoveram ações extremamente violentas, com assassinatos
e humilhações à dignidade da pessoa, incluindo professores.
Diz ele: Mesmo assim, o curioso é que, embora haja uma defa-
sagem histórica, quando se pensa na revolução cultural na China,
essa revolução, embora iniciada por Mao Tsé-Tung contra seu
comitê central, foi realizada por estudantes e colegiais que então
manifestavam uma violência incrível, inclusive por meio de assas-
sinatos e da humilhação dos professores, mas ainda aí vemos a
característica de revolta do adolescente.
Edgar Morin estabelece um diálogo com ele mesmo, em sua
ânsia didática de explicar o fenômeno de 1968.
– Por que os adolescentes se revoltam contra as autoridades,
por mais diversas que sejam? Pergunta ele para, em seguida,
responder:
– Primeiramente, é preciso dizer que, durante os anos 1960,
produziu-se um fenômeno histórico extremamente importante: a
autonomização da adolescência . O que é adolescência? É uma
categoria que se pode situar entre o fim da infância amparada –
sob a proteção do casulo familiar –, e a entrada no mundo da vida
adulta, com uma carreira, uma profissão, o casamento etc. Esse
intervalo não existe sociologicamente nas sociedades tradicionais .
Numa sociedade tradicional, ainda hoje, em numerosos países, as
que eu vi e vivi” em: Morin faz análises comparativas entre a
crise contemporânea e a crise de 1968.
1968, o ano que mudou o mundo
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