Desfazer as confusões pd52 | Page 165

Edgar Morin vai direto ao ponto, ao combustível de 1968: A característica comum é, evidentemente, a revolta contra a autori- dade, quer seja a autoridade dos mestres, quer seja a autoridade do Estado, quer seja a autoridade da família tradicional. Morin lembra que a “explosão” na França durou pouco mais de um mês no qual aconteceu toda uma série de fenômenos impor- tantes suficientes para se irradiarem mundo afora. Para ele, a revolta contra a autoridade é a característica comum em todos esses países tão diferentes uns dos outros. Quer seja a autoridade dos mestres, quer seja a autoridade do Estado, quer seja a autoridade da família tradicional. Morin lembra a revolução cultural de Mao, na China, levada a efeito de modo radical, principalmente, pelos estudantes e colegiais que promoveram ações extremamente violentas, com assassinatos e humilhações à dignidade da pessoa, incluindo professores. Diz ele: Mesmo assim, o curioso é que, embora haja uma defa- sagem histórica, quando se pensa na revolução cultural na China, essa revolução, embora iniciada por Mao Tsé-Tung contra seu comitê central, foi realizada por estudantes e colegiais que então manifestavam uma violência incrível, inclusive por meio de assas- sinatos e da humilhação dos professores, mas ainda aí vemos a característica de revolta do adolescente. Edgar Morin estabelece um diálogo com ele mesmo, em sua ânsia didática de explicar o fenômeno de 1968. – Por que os adolescentes se revoltam contra as autoridades, por mais diversas que sejam? Pergunta ele para, em seguida, responder: – Primeiramente, é preciso dizer que, durante os anos 1960, produziu-se um fenômeno histórico extremamente importante: a autonomização da adolescência . O que é adolescência? É uma categoria que se pode situar entre o fim da infância amparada – sob a proteção do casulo familiar –, e a entrada no mundo da vida adulta, com uma carreira, uma profissão, o casamento etc. Esse intervalo não existe sociologicamente nas sociedades tradicionais . Numa sociedade tradicional, ainda hoje, em numerosos países, as que eu vi e vivi” em: Morin faz análises comparativas entre a crise contemporânea e a crise de 1968. 1968, o ano que mudou o mundo 163