conduziram o povo brasileiro à civilização desejada; ainda pior,
elas não conseguiram apresentar uma alternativa que indicasse o
rumo histórico que empolgasse o povo e seduzisse o eleitor. Mas é
possível ver que as oposições não estão acenando para se
apresentarem como alternativas condutoras do processo histó-
rico brasileiro, no terceiro centenário de nossa formação como
nação, independente se o novo governo poderá fazer pequenas
correções na situação atual.
Obrigado, eleitor
Nada permite otimismo nos resultados previsíveis para o
governo Bolsonaro, bem ao contrário, tudo indica um período de
retrocesso social, cultural, político. Embora o eleitor sempre tenha
razão ao manifestar sua vontade, mesmo quando vota por ira e não
por esperança, é possível imaginar que ele teve razão, mas errou,
logo no primeiro turno. Mesmo assim, podemos agradecer ao elei-
tor pelos votos que deu buscando renovação dos quadros e dos
partidos que não deram resposta às necessidades históricas do
país. Apesar de riscos de retrocessos históricos, no que se refere à
eleição de Jair Bolsonaro, os votos de 2018 permitem esperar:
a. redução do fisiologismo na ocupação dos cargos da máquina
pública;
b. diminuição do gigantismo do Estado, especialmente elimi-
nando a custosa ineficiência de estatais sem propósito de
interesse popular ou de estratégia nacional;
c. execução de reformas necessárias na Previdência, nas Rela-
ções Trabalhistas e na Política Fiscal;
d. enfrentamento da corrupção, da violência, da criminalidade
organizada e da insegurança decorrente do crime de rua
não organizado;
e. quebra da política do “toma lá dá cá”, que caracteriza a
presidência de coalizão;
f.
reduzir o tamanho da dívida pública.
É cedo para saber se o novo governo vai conseguir levar isso
adiante, ainda menos estimar o custo que as classes populares
e os grupos sociais pagarão, mas o certo é que as forças demo-
crático-progressistas, no poder nos últimos 20 anos, não conse-
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Cristovam Buarque