Desfazer as confusões pd52 | Page 16

conduziram o povo brasileiro à civilização desejada; ainda pior, elas não conseguiram apresentar uma alternativa que indicasse o rumo histórico que empolgasse o povo e seduzisse o eleitor. Mas é possível ver que as oposições não estão acenando para se apresentarem como alternativas condutoras do processo histó- rico brasileiro, no terceiro centenário de nossa formação como nação, independente se o novo governo poderá fazer pequenas correções na situação atual. Obrigado, eleitor Nada permite otimismo nos resultados previsíveis para o governo Bolsonaro, bem ao contrário, tudo indica um período de retrocesso social, cultural, político. Embora o eleitor sempre tenha razão ao manifestar sua vontade, mesmo quando vota por ira e não por esperança, é possível imaginar que ele teve razão, mas errou, logo no primeiro turno. Mesmo assim, podemos agradecer ao elei- tor pelos votos que deu buscando renovação dos quadros e dos partidos que não deram resposta às necessidades históricas do país. Apesar de riscos de retrocessos históricos, no que se refere à eleição de Jair Bolsonaro, os votos de 2018 permitem esperar: a. redução do fisiologismo na ocupação dos cargos da máquina pública; b. diminuição do gigantismo do Estado, especialmente elimi- nando a custosa ineficiência de estatais sem propósito de interesse popular ou de estratégia nacional; c. execução de reformas necessárias na Previdência, nas Rela- ções Trabalhistas e na Política Fiscal; d. enfrentamento da corrupção, da violência, da criminalidade organizada e da insegurança decorrente do crime de rua não organizado; e. quebra da política do “toma lá dá cá”, que caracteriza a presidência de coalizão; f. reduzir o tamanho da dívida pública. É cedo para saber se o novo governo vai conseguir levar isso adiante, ainda menos estimar o custo que as classes populares e os grupos sociais pagarão, mas o certo é que as forças demo- crático-progressistas, no poder nos últimos 20 anos, não conse- 14 Cristovam Buarque