1968, o ano que mudou o mundo
Luis-Sérgio Santos
Mil novecentos e sessenta e oito foi um ano de marcas sociais
profundas. Um sentimento avassalador, exalado a partir da juven-
tude estudantil parisiense, varreu o Ocidente com rajadas de
rebeldia. Na Europa, Estados Unidos e também no Brasil, os
ventos europeus ganharam a força de um tornado.
O espírito revolucionário que vem da França é estímulo a uma
ruptura estrutural de modelos demasiado conservadores, opres-
sores – um conflito de gerações, uma insubordinação à autori-
dade de qualquer matiz. Esse espírito conspira a favor das liber-
dades civis, emancipação individual e autonomia de gêneros e
credos. Uma nova onda cultural vinha calçada em expressões
como É proibido proibir; Seja realista, exija o impossível; Um homem
não é estúpido ou inteligente, ele é livre ou não é; Movimentos
matam emoções; Construir uma revolução é também destruir todos
os canais interiores; A arte está morta, não consuma seu cadáver;
A economia está ferida, deixe-a morrer .
Nos muros, liam-se frases anarquistas como Liberdade é o
crime que constrange todo crime; Eleições – armadilhas para idio-
tas; Insolência é a nova arma da revolução. Elas se somavam
àquelas que pregavam a revolução sexual: Ame um e todos; Desa-
botoe seu cérebro com a mesma frequência que sua braguilha;
Quanto mais faço amor, mais quero fazer a revolução; Quanto mais
eu faço revolução, mais eu quero fazer amor.
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