Desfazer as confusões pd52 | Page 159

1968, o ano que mudou o mundo Luis-Sérgio Santos Mil novecentos e sessenta e oito foi um ano de marcas sociais profundas. Um sentimento avassalador, exalado a partir da juven- tude estudantil parisiense, varreu o Ocidente com rajadas de rebeldia. Na Europa, Estados Unidos e também no Brasil, os ventos europeus ganharam a força de um tornado. O espírito revolucionário que vem da França é estímulo a uma ruptura estrutural de modelos demasiado conservadores, opres- sores – um conflito de gerações, uma insubordinação à autori- dade de qualquer matiz. Esse espírito conspira a favor das liber- dades civis, emancipação individual e autonomia de gêneros e credos. Uma nova onda cultural vinha calçada em expressões como É proibido proibir; Seja realista, exija o impossível; Um homem não é estúpido ou inteligente, ele é livre ou não é; Movimentos matam emoções; Construir uma revolução é também destruir todos os canais interiores; A arte está morta, não consuma seu cadáver; A economia está ferida, deixe-a morrer . Nos muros, liam-se frases anarquistas como Liberdade é o crime que constrange todo crime; Eleições – armadilhas para idio- tas; Insolência é a nova arma da revolução. Elas se somavam àquelas que pregavam a revolução sexual: Ame um e todos; Desa- botoe seu cérebro com a mesma frequência que sua braguilha; Quanto mais faço amor, mais quero fazer a revolução; Quanto mais eu faço revolução, mais eu quero fazer amor. 157