Deve ser por isso que Lilla, na última frase de A mente naufra-
gada, diz que ‘temos consciência de que os slogans revolucioná-
rios mais poderosos da nossa época começam com Era uma vez…’.
Ambos, reacionários e revolucionários, em suas lamentações,
rancores e desejos de vingança, querem domar a História, como
se fossem maiores do que ela. Não são, evidentemente. A nostalgia
dos reacionários é a irmã gêmea da arrogância dos revolucioná-
rios. Ambos dispostos a apoiar, a partir de mirabolantes exercí-
cios intelectuais, tiranos e tiranetes e suas pretensas sabedorias
que, no fundo, não passam de fino verniz. A História é e deve ser
sempre maior do que eles.
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Vinícius Müller