China-Taiwan e da queda do Muro de Berlim, os coreanos tiveram
que esperar a primeira cúpula entre o ex- presidente sulcoreano
Kim Dae Jung e o líder norte-coreano Kim Jong Il, em junho de
2000, para concretizar a ansiada reunião de famílias.
A maioria das reuniões se efetuaram no periodo 2000-2008,
isto é, sob a política intercoreana dos Raios do Sol. A deterioração
começou com a chegada ao poder do partido liberal conservador
(Saenuri), na Coreia do Sul, que culminou, sob a Presidência de
Park Geun Hye, com o cancelamento das reuniões em outubro de
2015, cumprindo com o estabelecido na cúpula de abril, mês em
que se efetuou a vigésima primeira reunião de famílias separadas.
A Cruz Vermelha colaborou na organização e na assistência médica
dos participantes. Seguindo os repertórios prévios, o evento se
realizou no Norte, no complexo turístico do Monte Geumgangsan,
construido por Hyundai, em 1998. Através de um sistema de
sorteio, o governo sul-coreano selecionou em torno de 600 sul-
coreanos que participaram do programa. A vigésima segunda roda
de encontros se realizou em outubro, com a participação de um
número similar de cidadãos do Sul. Ambas as Coreias acreditam
que é muito importante manter os encontros e dar-lhes continui-
dade, dado que cada ano se calcula que morrem entre três mil e
quatro mil membros diretos das famílias separadas.
Na realidade, estas reuniões não permitem estabelecer livre e
permanentemente contato com seus familiares. O encontro dura
um momento. Neste ano, foram onze horas repartidas em ativida-
des organizadas durante três dias. Uma cena de boas vindas,
uma reunião privada em um hotel e um lanche de despedida.
Está proibido ver-se por fora do esquema estipulado e manter
vínculos, uma vez terminada a viagem. Ao voltar a suas casas,
não poderão falar por telefone, nem enviar cartas nem mensagens
por correio eletrônico nem realizar nenhum outro tipo de contato.
Nestas horas compartidas, eles se abraçam, dialogam, riem,
recebem presentes, trocam fotos de seus descendentes e, sobre-
tudo, choram, particularmente a crueldade política que lhes
impediu de compartir suas vidas e lhes nega estarem juntos em
seus últimos anos de vida. Lamentavelmente, no cenário inter-
nacional atual, o problema das famílias divididas não só parece
não ter solução, como também incorpora um novo capítulo às
dramáticas histórias da guerra: a separação das famílias dos
refugiados norte-coreanos.
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María del Pilar Álvarez