Desfazer as confusões pd52 | Page 151

programas de cooperação agrícola transfronteiriços e estabelecer a oficina de enlace intercoreana. Além disso, a Coreia do Sul se comprometeu a retirar dez postos de guarda da zona desmilitari- zada para promover a paz, a retomar a comunicação militar e se está negociando a reabertura do complexo industrial Gaesong, assim como a possibilidade de que os legisladores sulcoreanos participem da próxima cúpula. Todos estes avanços foram acom- panhados pela participação conjunta em eventos esportivos sob a flamante bandeira da unificação. Reunidos apenas em um momento Uma das marcas mais dolorosas da divisão da península é a separação de famílias que afetou a milhares e milhares de corea- nos. A maioria perdeu contato com seus parentes diretos durante o início da guerra em 1950. O deslocamento da população produ- zido pela própria dinâmica do conflito bélico e a posterior concen- tração da guerra em torno do paralelo 38 provaram que muitas pessoas que se haviam deslocado para o Sul com a intenção de voltar ao Norte, a fim de buscar a sua família, nunca puderam concretizar seu plano. A assinatura do armistício, no dia 27 de julho de 1953, pôs fim às hostilidades, determinando uma franja de demarcação militar em que se estabeleceu a zona desmilitarizada que, obviamente, está tão militarizada e vigiada que impossibilitou a passagem de pessoas, de um lado a outro da fronteira, como havia ocorrido esporadicamente antes da guerra. A trégua de paz, ademais, constituiu o fim dos contatos entre os membros das famílias separadas a quem se lhes bloqueou e proibiu manter laços com seus parentes. A gravidade desta situação fez com que o problema das famí- lias separadas estivesse presente desde os primeiros contatos entre as Coreias, no início dos anos 70, quando a Cruz Vermelha, sem êxito, tentou negociar o encontro de famílias. A partir da década de 80, iniciaram-se campanhas nos meios de comunica- ção na Coreia do Sul e nas comunidades coreanas dos Estados Unidos e Canadá. Naquela época, os jovens militantes sul-corea- nos, que lutavam pela democratização do país tinham entre suas principais consignas políticas a unificação, a libertação dos prisioneiros norte-coreanos no Sul e o encontro de famílias sepa- radas pela guerra. Apesar dos múltiplos pedidos, da criação de uma associação de famílias divididas e das ilusões geradas com o restabelecimento de contatos entre familiares separados de As duas Coreias: um cruel legado da guerra fria 144 149