Desfazer as confusões pd52 | Page 15

Sintonia com o povo e o futuro Cristovam Buarque A razão do eleitor A eleição de 2018 foi mais de rejeição aos perdedores do que de apoio aos vencedores. Não venceu quem captou mais votos “sim” a seu favor, mas quem jogou mais votos “não” contra seus adver- sários. Por isso, dificilmente o novo governo vai representar um rumo para o Brasil sintonizar-se com o “espírito do tempo” da história moderna e com os caminhos que ela indica para a civili- zação. Tudo indica que será um governo do presente, não para o futuro; fiel ao “não” aos outros, sem firmeza no “sim” ao Brasil. Isso leva ao pessimismo sobre o governo Bolsonaro, tanto no risco de substituir o populismo de esquerda por populismo de direita, quanto por deixar o Brasil mais uma vez prisioneiro dos proble- mas do presente – violência; crime; corrupção; déficit fiscal; gigan- tismo do Estado – sem enfrentar os desafios para as necessidades do futuro – ciência e tecnologia; competitividade; inovatividade; aumento da produtividade; superação da pobreza; sobretudo, o principal vetor para a construção do futuro: educação de quali- dade para todos, os filhos dos pobres em escola com a mesma qualidade dos filhos dos ricos. Se é lamentável estarmos entrando em um período de quatro anos sem esperança nas mudanças que permitiriam sintonizar os rumos do Brasil com os rumos previsíveis do mundo, é lamen- tável também lembrar que as forças políticas derrotadas estive- ram duas décadas no poder e não satisfizeram o eleitor, nem 13