problema regional o impasse entre o governo chavista de Cara-
cas e a oposição.
Se, nas duas primeiras décadas do século, a presença de gover-
nos da esquerda nacionalista nos principais países da região inspi-
rou apostas em um processo de integração política semelhando ao
experimentado pela Europa desde o pós-guerra, agora os princi-
pais governos sul-americanos batem cabeças. Investem, como o
Brasil, em acordos comerciais bilaterais, a exemplo do firmado
recentemente com o Chile, por fora do Mercosul. Ao mesmo tempo,
ninguém ousa jogar por terra o bloco formado nos anos 1980.
O governo Bolsonaro terá de responder ao questionamento
colocado desde já pelos vizinhos: quo vadis (“para onde vais?”,
em latim).
América Latina
A mesma pergunta se coloca diante dos planificadores de polí-
tica externa quando a janela é ligeiramente ampliada para incluir
as Américas do Norte e Central. Com qual delas o país pretende
ser associado? Nos governos Lula e Dilma, em especial quando o
embaixador Celso Amorim esteve à frente do Itamaraty, a priori-
dade da diplomacia brasileira foi costurar uma frente latino-ame-
ricana. O movimento teve como expressão a Comunidade de Esta-
dos Latino-Americanos e do Caribe (Celac) construída a partir de
uma cúpula reunida na Bahia, em 2008.
Essa mesma reunião fechou o bloco que foi capaz de derrogar
a resolução pela qual a Organização dos Estados Americanos
(OEA) suspendeu Cuba, no início dos anos 1960. Desde então,
ainda que o bloqueio econômico e diplomático imposto por
Washington à Havana tenha aberto brechas, nem mesmo o
reatamento de relações diplomáticas, em 2016, foi suficiente
para resolver os contenciosos. Com a posse de Donald Trump, no
início de 2017, ainda que os laços não tenham sido rompidos, a
reaproximação foi congelada.
Estados Unidos
Donald Trump chega à metade do mandato com índices de
popularidade baixos e enfrentou eleições para o Congresso no
início de novembro. O Partido Republicano (governista) perdeu
O mundo ficou mais complicado
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