Desfazer as confusões pd52 | Page 114

Igreja Católica e conservadores em geral, indignados, deram ensejo à parte do exército, liderada por Francisco Franco, a dar um golpe. Os golpistas utilizaram uma estratégia que isolou a República e teve início uma guerra fratricida selvagem com quase três anos de duração. Enquanto socialistas e comunistas entendiam que era preciso defender a República, anarquistas e trotskistas pensavam que havia chegado o tempo de uma revolução profunda. A divisão entre essas forças foi uma das causas da derrota republicana. Essa guerra civil se internacionalizou; a Alemanha nazista e a Itália fascista apoiaram os golpístas, a URSS enviou assessores militares e armamentos e mobilizou as Brigadas Internacionais através da IC. Grã-Bretanha e França optaram pela “não interven- ção”. Esta guerra foi um prelúdio da II Guerra Mundial onde se testaram vários armamentos e, pela primeira vez, populações civis foram deliberadamente atingidas. Esse episódio foi magnificamente retratado por Pablo Picasso, no quadro Guernica. Depois de tudo isso, os espanhóis sofreram quase 40 anos de uma ditadura feroz. No Brasil, o presidente Jânio da Silva Quadros renunciou, poucos meses após a sua posse. As forças conservadoras se opuseram à posse do seu vice, João Goulart (Jango), considerado um homem de esquerda. Houve pressão popular “pela legalidade” e uma negociação complexa em que Jango tomou posse como presidente sob um regime parlamentarista. Contudo, no ano seguinte, ocorreu uma eleição para governadores e parlamenta- res bem como um plebiscito para definir se o país continuaria parlamentarista ou voltaria a ser presidencialista. O resultado das urnas definiu o presidencialismo. O PTB, partido do presi- dente, elegeu uma grande bancada de deputados, porém as forças da direita se rearticularam e elegeram os governadores dos esta- dos mais importantes da Federação. Jango, um reformista mode- rado, propôs um Plano Trienal de Reformas de Base, algumas delas ainda sem solução até os dias atuais. A que mais incomo- dava os latifundiários era a Reforma Agrária. A despeito de um contexto nacional complexo e internacional totalmente adverso, uma vez que a Guerra Fria havia se agravado depois da “crise dos mísseis” e os Estados Unidos não permiti- riam outra Cuba no Hemisfério Ocidental, setores da esquerda brasileira já começaram a pensar em repetir no Brasil a experiên- cia de Sierra Maestra, e Francisco Julião repetia o slogan “Reforma Agrária, na Lei ou na Marra”. Foram anos conturbados com mani- festações e greves cotidianas que não davam trégua e poucos 112 Dina Lida Kinoshita