Igreja Católica e conservadores em geral, indignados, deram ensejo
à parte do exército, liderada por Francisco Franco, a dar um golpe.
Os golpistas utilizaram uma estratégia que isolou a República e
teve início uma guerra fratricida selvagem com quase três anos de
duração. Enquanto socialistas e comunistas entendiam que era
preciso defender a República, anarquistas e trotskistas pensavam
que havia chegado o tempo de uma revolução profunda. A divisão
entre essas forças foi uma das causas da derrota republicana.
Essa guerra civil se internacionalizou; a Alemanha nazista e a
Itália fascista apoiaram os golpístas, a URSS enviou assessores
militares e armamentos e mobilizou as Brigadas Internacionais
através da IC. Grã-Bretanha e França optaram pela “não interven-
ção”. Esta guerra foi um prelúdio da II Guerra Mundial onde se
testaram vários armamentos e, pela primeira vez, populações civis
foram deliberadamente atingidas. Esse episódio foi magnificamente
retratado por Pablo Picasso, no quadro Guernica. Depois de tudo
isso, os espanhóis sofreram quase 40 anos de uma ditadura feroz.
No Brasil, o presidente Jânio da Silva Quadros renunciou,
poucos meses após a sua posse. As forças conservadoras se
opuseram à posse do seu vice, João Goulart (Jango), considerado
um homem de esquerda. Houve pressão popular “pela legalidade”
e uma negociação complexa em que Jango tomou posse como
presidente sob um regime parlamentarista. Contudo, no ano
seguinte, ocorreu uma eleição para governadores e parlamenta-
res bem como um plebiscito para definir se o país continuaria
parlamentarista ou voltaria a ser presidencialista. O resultado das
urnas definiu o presidencialismo. O PTB, partido do presi- dente,
elegeu uma grande bancada de deputados, porém as forças da
direita se rearticularam e elegeram os governadores dos esta- dos
mais importantes da Federação. Jango, um reformista mode-
rado, propôs um Plano Trienal de Reformas de Base, algumas
delas ainda sem solução até os dias atuais. A que mais incomo-
dava os latifundiários era a Reforma Agrária.
A despeito de um contexto nacional complexo e internacional
totalmente adverso, uma vez que a Guerra Fria havia se agravado
depois da “crise dos mísseis” e os Estados Unidos não permiti-
riam outra Cuba no Hemisfério Ocidental, setores da esquerda
brasileira já começaram a pensar em repetir no Brasil a experiên-
cia de Sierra Maestra, e Francisco Julião repetia o slogan “Reforma
Agrária, na Lei ou na Marra”. Foram anos conturbados com mani-
festações e greves cotidianas que não davam trégua e poucos
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Dina Lida Kinoshita