Lições históricas que a esquerda
dogmática insiste em ignorar
Dina Lida Kinoshita
N
os últimos 30 anos, a politização e a partidarização nas
universidades brasileiras chegaram a um extremo, sobre-
tudo na área de ciências humanas. Com raras exceções, a
posição do militante sobrepujou os fatos históricos e sociológicos
que presumidamente os cientistas sociais deveriam conhecer.
Durante a curta campanha eleitoral recém-encerrada, escu-
tei, na lógica maniqueísta e hegemônica, que “os candidatos
Geraldo Alckmin e Jair Bolsonaro representam a mesma coisa”.
Imediatamente me veio à lembrança a eleição alemã de 1932.
No VI Congresso da Internacional Comunista (IC), realizado em
1928, alegando uma suposta Terceira Onda Revolucionária, foi
aprovada a política de “classe contra classe” e, nesta lógica, os
social-democratas alemães foram tachados de socialfascistas.
Como resultado desta política, Hitler assumiu o poder, pela via
democrática, não revogou a Constituição de Weimar, transfor-
mando a Alemanha, por meio de decretos, na ditadura mais
hedionda que o mundo conheceu.
Após esse episódio, no VII Congresso da IC, realizado em julho
de 1935, foi aprovada a proposta do búlgaro Giorgi Dimítrov da
construção das “Frentes Populares” para barrar o nazifascismo.
No ano seguinte, foram eleitos governos desse tipo na França e na
Espanha. A monarquia espanhola foi derrubada e o governo repu-
blicano propôs reformas modestas já realizadas nos países euro-
peus mais avançados ao longo do século XIX. Monarquistas, a
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