Desfazer as confusões pd52 | Page 113

Lições históricas que a esquerda dogmática insiste em ignorar Dina Lida Kinoshita N os últimos 30 anos, a politização e a partidarização nas universidades brasileiras chegaram a um extremo, sobre- tudo na área de ciências humanas. Com raras exceções, a posição do militante sobrepujou os fatos históricos e sociológicos que presumidamente os cientistas sociais deveriam conhecer. Durante a curta campanha eleitoral recém-encerrada, escu- tei, na lógica maniqueísta e hegemônica, que “os candidatos Geraldo Alckmin e Jair Bolsonaro representam a mesma coisa”. Imediatamente me veio à lembrança a eleição alemã de 1932. No VI Congresso da Internacional Comunista (IC), realizado em 1928, alegando uma suposta Terceira Onda Revolucionária, foi aprovada a política de “classe contra classe” e, nesta lógica, os social-democratas alemães foram tachados de socialfascistas. Como resultado desta política, Hitler assumiu o poder, pela via democrática, não revogou a Constituição de Weimar, transfor- mando a Alemanha, por meio de decretos, na ditadura mais hedionda que o mundo conheceu. Após esse episódio, no VII Congresso da IC, realizado em julho de 1935, foi aprovada a proposta do búlgaro Giorgi Dimítrov da construção das “Frentes Populares” para barrar o nazifascismo. No ano seguinte, foram eleitos governos desse tipo na França e na Espanha. A monarquia espanhola foi derrubada e o governo repu- blicano propôs reformas modestas já realizadas nos países euro- peus mais avançados ao longo do século XIX. Monarquistas, a 111