Desfazer as confusões pd52 | Page 108

meio ambiente natural e artificial, como conquista do homem vocacionado a habitar a cidade cósmica dos próximos milênios. No atual momento histórico, convém destacar o alerta pream- bular da Carta da Terra, aprovada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em Paris, no dia 14 de março de 2000, nestas letras: Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direi- tos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações. No Estado democrático de direito, o Poder Judiciário está sendo permanentemente convocado, com os demais Poderes públicos e toda a coletividade, a defender e preservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado (CF, art. 225, caput), adotando técnicas e procedimentos processuais mais rápidos e eficazes (CF, art. 5°, incisos XXXV e LXXVIII), que repudiem qual- quer postura de inércia ou omissão ante os desafios dos novos direitos, em temas emergentes e difusos, como dignidade da pessoa humana, redução das desigualdades sociais, erradicação da miséria e da marginalização, defesa do meio ambiente natural, artificial, do trabalho e cultural, visando a construção de uma sociedade mais livre, justa e solidária. É lamentável ver-se um país como este, de dimensões conti- nentais, com imensas riquezas e belezas naturais, inteiramente exposto à cupidez alienígena e poluído de milhões de miseráveis de todas as idades, sem saúde, sem teto, sem terra, sem pão e educação e sem nada, com índices alarmantes e sempre mais crescentes de violências e criminalidades, ante a postura discur- seira e omissiva de nossos governantes, sem pronta solução. 106 Souza Prudente