Qualquer cidadão, especialista, profissional ou interessado pôde
e ainda poderá apresentar argumentos e evidências que contribuam
para a elaboração de uma nova regra de rotulagem nutricional
mesmo após a tomada pública de subsídios da agência.
A avaliação técnica da Anvisa, submetida à contribuição dos
interessados, concluiu que os rótulos de alimentos e bebidas
precisam contar com alertas frontais que indiquem a presença de
alto teor de ingredientes críticos, como sódio, açúcar e gorduras.
Esse modelo de rotulagem está em vigor no Chile e em desenvolvi-
mento no Uruguai, Israel, Canadá, entre outros. O modelo de
alertas frontais, que setores da indústria insistem em negar, faci-
lita a localização e a leitura das informações nutricionais, auxilia
na comparação do conteúdo nutricional dos alimentos e na
compreensão da qualidade nutricional dos alimentos, além de
ampliar o número de consumidores capazes de usar essa infor-
mação e promover escolhas alimentares mais saudáveis.
Informar as pessoas sobre a presença de nutrientes críticos não
gera riscos ou prejuízos econômicos para a indústria. Pelo contrá-
rio, gera o desenvolvimento econômico e social, porque amplia as
possibilidades de escolhas alimentares mais saudáveis e promove
a competitividade baseada no que é melhor para os consumidores:
o atendimento às suas demandas por produtos mais saudáveis.
O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) parti-
cipa dessa discussão na Anvisa, desde o princípio, propondo
modelos de rotulagem nutricional adequada com base nessas
exigências, e concretizando sua missão de orientar, conscientizar
e defender a ética nas relações de consumo, há mais de 30 anos.
E não está sozinho nisso.
Diversos órgãos e entidades públicas e privadas, nacionais e
internacionais, acompanham e apoiam esta luta, como o Ministé-
rio da Saúde; a Organização Pan-Americana da Saúde, o Instituto
Nacional do Câncer, institutos de pesquisa renomados de univer-
sidades brasileiras, as entidades e pessoas que integram a Aliança
pela Alimentação Adequada e Saudável, todos engajados moral-
mente com o combate à obesidade e às doenças crônicas não
transmissíveis provocadas pelo consumo de alimentos e bebidas
com alto teor de ingredientes críticos.
A adoção de normas de rotulagem que garantam essa imprescin-
dível informação é um caminho sem volta. É isso o que os cidadãos
consumidores querem e o que os governos estão reconhecendo.
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Marilena Lazzarini