Desfazer as confusões pd52 | Page 106

Qualquer cidadão, especialista, profissional ou interessado pôde e ainda poderá apresentar argumentos e evidências que contribuam para a elaboração de uma nova regra de rotulagem nutricional mesmo após a tomada pública de subsídios da agência. A avaliação técnica da Anvisa, submetida à contribuição dos interessados, concluiu que os rótulos de alimentos e bebidas precisam contar com alertas frontais que indiquem a presença de alto teor de ingredientes críticos, como sódio, açúcar e gorduras. Esse modelo de rotulagem está em vigor no Chile e em desenvolvi- mento no Uruguai, Israel, Canadá, entre outros. O modelo de alertas frontais, que setores da indústria insistem em negar, faci- lita a localização e a leitura das informações nutricionais, auxilia na comparação do conteúdo nutricional dos alimentos e na compreensão da qualidade nutricional dos alimentos, além de ampliar o número de consumidores capazes de usar essa infor- mação e promover escolhas alimentares mais saudáveis. Informar as pessoas sobre a presença de nutrientes críticos não gera riscos ou prejuízos econômicos para a indústria. Pelo contrá- rio, gera o desenvolvimento econômico e social, porque amplia as possibilidades de escolhas alimentares mais saudáveis e promove a competitividade baseada no que é melhor para os consumidores: o atendimento às suas demandas por produtos mais saudáveis. O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) parti- cipa dessa discussão na Anvisa, desde o princípio, propondo modelos de rotulagem nutricional adequada com base nessas exigências, e concretizando sua missão de orientar, conscientizar e defender a ética nas relações de consumo, há mais de 30 anos. E não está sozinho nisso. Diversos órgãos e entidades públicas e privadas, nacionais e internacionais, acompanham e apoiam esta luta, como o Ministé- rio da Saúde; a Organização Pan-Americana da Saúde, o Instituto Nacional do Câncer, institutos de pesquisa renomados de univer- sidades brasileiras, as entidades e pessoas que integram a Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável, todos engajados moral- mente com o combate à obesidade e às doenças crônicas não transmissíveis provocadas pelo consumo de alimentos e bebidas com alto teor de ingredientes críticos. A adoção de normas de rotulagem que garantam essa imprescin- dível informação é um caminho sem volta. É isso o que os cidadãos consumidores querem e o que os governos estão reconhecendo. 104 Marilena Lazzarini