Date a Home Magazine | Jul / Ago / Set 2015 | Page 96

| CRÓNICA | O Doctor B explica

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Caro leitor(a),

Na presente edição da minha crónica ‘O Doctor B Explica’, decidi tecer algumas considerações sobre as apro-ximações íntimas e recorrentes entre arquitetura e psicologia mas do ponto de vista histórico.

O entendimento filosófico do espaço como condição a priori da intuição humana, durante muito tempo, ficou distante do pensamento inteletual ar-quitetónico. Porém, no final do século XIX, inicia-se a transposição do con-ceito de espaço para o ideal artístico e, com efeito, para a arquitetura esta transposição torna-se essencial para as mudanças nos edifícios que ocor-reriam, mais tarde, no séc. XX. Este árduo trabalho está presente em obras de Theodor Vischer (em 1873), Heinrich Wölfflin (em 1886), Adolf von Hildebrand (em 1893) e August Schmarsow (em 1897) e, por exemplo, em Riegl (em 1901). No entanto e não obstante, muitas ideias estão relaci-onadas com a ciência da psicologia perceptiva, que tratou do conceito de espaço como meio na formação da imagem tátil e visual, e então, alguns destes autores devem muito ao tra-balho de psicólogos como o alemão Carl Stumpf (1848-1936). O termo ‘Einfühlung’ aparece junto com a no-va ciência da psicologia empírica e ambos destacando que o sentido do tato é indispensável para experimen-tar a profundidade sendo que, nesta medida, uma criança aprenderia a ver

a terceira dimensão apenas tocando.

Nesta linha de pensamento a me-mória da pele e os movimentos dos músculos no espaço fariam crer que a imagem da retina quase plana seria percebida espacialmente. Os instru-mentos, mãos e pés, construiriam a impressão da terceira dimensão no espaço: a profundidade. Estas consta-tações são importantes também para perceber que as inter-relações pes-soa-ambiente possuem uma certa complexidade e que a interdisciplina-ridade (arquitectura versus psico-logia) traz riquezas indispensáveis. O entendimento da natureza transa-cional das relações pessoa-ambiente, do quanto o primeiro pode influenciar o segundo, ou vice-versa, serão sem-pre decisivos na escolha da nossa ca-sa.

No próximo artigo abordaremos mais algumas reflexões desta interdiscipli-naridade tão curiosa e surpreenden-te. Fiquem atentos e boas escolhas.

Um abraço,

Dr. Bruno Fernandes

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