Date a Home Magazine | Jul / Ago / Set 2014 | Page 78

já somos muitas a cantar o fado, Ana Moura, Carminho, Gisela João..., nós sentimos-nos patrio-tas, nós somos mesmo embaixadoras do país, é muito giro.

A música veio até si como “destino”, aos 18 anos, conte-nos este “encontro”?

Descobri o fado aos 18 anos numa casa de fados. Quando era pequena escrevia imenso, e foi com esta descoberta que encontrei o refugio perfeito para escrever, ia para o Clube de Fado todos os dias, levava o meu caderninho, acendia a velinha e escrevia. Mas cantar o fado a sério só comecei aos 23, as pessoas já sabiam que eu cantava fado e começaram a incentivar-me mas resisti pois aquele era apenas o sitio onde me inspirava, eu queria aquilo só para mim. Ia lá todas as noites e escrevia sobre o amor, paixão, coisas da adolescência... um dia houve um fadista que era o Carlos Zel, de quem gosto muito, ele sabia que eu cantava no coro de Estoril e disse-me que eu tinha uma voz ótima e começou a dizer que devia experimentar cantar fado, respondi-lhe mas eu só sei um, então canta esse fado e foi assim que aconteceu.. e quando acabei de cantar, o guitarrista, o Mário Pacheco, o meu mestre, foi com ele que aprendi quase tudo, também me disse que se aprendesse mais fados ia ser uma ótima fadista, na altura tudo me parecia absurdo, ainda não tinha essa ligação ao fado.

Entrou para os Toranja aos 19 anos, porque é que saiu?

Eu levava aquilo como hobbie, gostava da música e das viagens mas não sentia paixão, paixão eu senti quando cantei fado num concurso de fados no Porto e foi aí que decidi então transformar o fado no meu hobbie preferido.

O fado é um desafio, a voz conta uma história, costumo dizer que o fado ouve-se sempre através da letra, as pessoas não sabem ouvir fado, se ouvirem a letra, tudo faz sentido, a música veste a letra, a interpretação veste a letra e o fadista interpreta a letra. É um desafio incrível entender o fado.

Há uma frase sua que diz “Acho que nasci para isto”, e a psicologia onde fica na sua vida?

Eu teimei um bocado em perceber que o fado era a minha vida, na altura estava a a tirar o curso de Psicologia que é uma das minhas paixões também, tive algumas propostas para gravar mas não queria gravar, achava que não fazia sentido transformar-me em mais uma fadista, e viver da música, adorava psicologia, e cantar, as pessoas podiam ouvir-me sempre no Clube de Fado.

Acabei o curso, depois fiz uma pós graduação em marketing mas continuava a não sentir a encontrar-me na minha pele e as pessoas continuavam a dizer que fado era a minha vida.

Mais uma vez, o destino levou até mim, numa noite em que tudo era inesperado, Gustavo Santaolalla e, foi ele que me fez acreditar que nasci para o fado.

78

REGIÕES | Arrendar A Linha Com Paixão | Entrevista

“Tive várias propostas de editoras para gravar, uma delas era mesmo muito boa, mas recusei todas.”