Date a Home Magazine | Jul / Ago / Set 2014 | Page 30

keting e um Mestrado em Comunicação deixam João perplexo e curioso. Será o mundo das artes assim tão difícil? “Adoro estudar, acho que gosto de ser ator por causa disso, porque me obriga a estudar. O mundo artístico é duro mas não me posso queixar. Sinto-me bastante rico porque os meus pais me proporcionaram uma boa educação e eu consegui manter isso.”

Sabemos de muitas histórias de pessoas que se dedicam ao estudo e nem sempre parece algo real. A sensação de desejo de conhecimento é tão curiosa como dar de caras com alguém que a perso-nifique. “Inicialmente pensei que seria uma estra-tégia da minha parte e por imposição dos meus pais mas depois a minha opinião mudou. Retiro muito do estudo, até para algumas personagens se for necessário. No fundo são ferramentas que me permitem brincar com a minha paixão, que é a representação.”

O mesmo acaso que o levou a ser ator, mostrou-lhe anos mais tarde os caminhos da escrita e da encenação. Um percurso no cinema, no teatro e na televisão vai amadurecer um ator ou vai trans-formá-lo num realizador ou encenador, questiona João. “Um realizador ou encenador não têm de ser só um produto dos tempos de um ator que enve-lhece. Pode até acontecer mas não quero deixar de ser ator para ser só encenador ou realizador.”

Na verdade, Rui Neto dedica-se cada vez mais a encenar textos que escreve para teatro. O que o futuro lhe reserva não sabemos mas mais uma vez a vida mostra-lhe os caminhos a seguir de forma muito natural. “Escrevi um texto numa fase em que estava com pouco trabalho e o meu avô tinha falecido. Quanto mais escrevia mais acreditava no texto mas achava que não deveria ser eu a encená-lo. Não tinha experiência e era demasiado parcial mas quando comecei a imaginar passo a passo a peça de teatro dei por mim a fazer esse papel.”

E de um momento triste da vida nasce um primeiro espetáculo da sua autoria e encenação. Logo de-pois surje um convite para levar ao palco uma texto de Jean-Paul Sartre e Rui decide agarrar a oportu-

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“Um realizador ou encenador não têm de ser só um produto dos tempos de um ator que envelhece."