Uma casa é sempre um excelente local para uma entrevista. É agradável, acolhedora e muito confor-tável. Seja para quem responde, seja para quem faz as perguntas. Mas será uma casa um bom espaço para criar música? Quem responde é o músico Olavo Bilac, nem seria possível de outra forma, o timbre rouco denuncia-o seja onde for, certamente. “Uma casa acaba por ser o coito de todos nós, é o local onde tens a família, os amigos, o teu espaço e quanto melhor te sentes, melhor enfrentas o mun-do e os desafios.”
Diz quem já viveu em várias casas, separadas tal qual as fases da vida. Olavo Bilac deixou a casa de família muito cedo para se lançar à vida, os Santos e Pecadores já tinham arrancado e estava a começar no também famoso grupo Resistência. Recorda-se que era muito pequena, com uma sala, um quarto e uma cozinha estilo americana mas “Levava lá imensa gente e fazia muitas festas. São boas memó-rias.”
Hoje em dia a casa onde vive tem somente um lado familiar. O trabalho fica à porta porque com filhos é mais difícil trabalhar em casa. Entre risos conta-nos que muitas vezes pega na guitarra mas de ime-diato esta é-lhe roubada pela filha.
Uma garagem pode ser uma extensão e para Olavo é bem mais do que isso. Foi numa garagem em Cascais que se formaram os Santos e Pecadores, imagem icónica comum a tantas outras bandas. “Quando nascem, as bandas, os tubo de ensaio são as garagens. Foi muito importante começar ali, com trabalho árduo, a carregar todo o material de um lado para o outro. Penso que todas as bandas devem passar por este processo e no final, há que agrade-cer aos vizinhos.”
Começar uma carreira é como nascer e crescer. Uma das partes mais divertidas pode ser a infância e, de certeza que, com as bandas é igual. O começo dos Santos e Pecadores foi muito emocionante, os da Resistência também e de lá para cá voaram mais de vinte anos que se sentem na alma e na pele. “Sinto que o tempo passou a correr mas dá-me alegria pensar que já fiz alguma coisa, já deixei uma marca no panorama musical português. Foram bons vinte anos mas agora quero pensar nos próximos vinte.“
Os próximos vinte anos já se começaram a concre-tizar. O ano 2014 marca o primeiro álbum a solo de Olavo Bilac. “Músicas Do Meu Mundo” é o reflexo de uma vida, de grandes influências dos tempos vividos em Moçambique, da pop rock transmitida pelo
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