Date a Home Magazine | Jan / Fev / Mar 2015 | Page 139

Caro leitor(a),

Antes de mais, quero daqui enviar o meu agradecimento pela sua leitura deste novo artigo da minha crónica ‘O Doctor B explica’, onde optei por tecer algumas considerações a res-peito da perceção e do espaço, uma vez que os considero essenciais na escolha da nossa casa e também - tal como se deve lembrar na edição anterior desta crónica – o espaço que nós habitamos transcende o espaço geométrico. Ora vejamos:

O ciclo psicológico das pessoas no ambiente inicia-se através da perceção. Existem estudos onde se observou que a perceção ambiental distingue-se da perceção de objeto - tradicionalmente estudada em psi-cologia; um dos motivos prende-se com o aspeto de que na perceção ambiental surge a distinção sujeito-objeto, na medida em que o partici-pante (pessoa) é parte da cena per-cebida, desloca-se por ela, assumin-do múltiplas perspectivas e onde os seus interesses e objetivos transfor-mam-se em partes ativas da observa-ção. Deste modo, é necessário com-preender o espaço como algo que vai além da construção física e da sua geometria.

A perceção do espaço físico não somente passa pelos nossos múlti-plos sentidos, assim como também registra simultaneamente diversos estímulos. Entretanto, dificilmente, responde-se ou se é atingido por apenas um aspeto deste ambiente físico, mas pela sua Gestalt, isto é, o

todo é mais do que a mera soma das partes. Assim, a perceção ambiental é inclusiva, fenomenológica.

A pesquisadora Rivlin, 30 anos de-pois da sua obra clássica ‘An intro-duction to environmental psycholo-gy’, a partir de um novo olhar sobre o capítulo ‘O homem ambiental’, desta-ca como primeiro pressuposto básico a natureza do ambiente e o modo como as pessoas vivenciam o mundo num campo unitário. Ela observa que "apesar de haver uma relação tran-sacional entre a pessoa e o ambiente e de haver no ambiente mais do que se pode perceber, a experiência é holística por natureza", vivida pelas pessoas como um todo. Não obstante, isso não significa que as suas dimen-sões não possam ser lembradas se-paradamente mas sim que a natureza fenomenológica da experiência pro-porciona um sentido de campo uni-tário.

Na próxima edição, tentarei facul-tar-lhe alguns exercícios para, você próprio, se aperceber mais e melhor desta noção de perceção do espaço.

Um abraço,

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