Date a Home Magazine | Jan / Fev / Mar 2015 | Page 120

| REGIÕES | Arrendar/Comprar Algarve Com Paixão | Entrevista

120 bpm's

cultural.

Se a sua vida fosse uma peça de teatro, qual seria? O cenário seria o Algarve?

Nunca tal me passou pela cabeça! Não sei como responder... Há um grande dramaturgo do chamado “teatro do absurdo”, o Ionesco, que disse “ Deus criou o mundo, e Shakespeare a humanidade”. Mas há uma peça de uma autora belga sobre o Infante D. Henrique – a peça chama-se precisamente “O Infante de Sagres” - que muito me seduz. O meu colega Luís Miranda já a tra-duziu mas, infelizmente, ainda não conseguimos reunir condições de produção aceitáveis para a fazer. É um texto muito belo, fantástico e realista ao mesmo tempo, shakes-peariano, como gosto. Gostaria mui-to de um dia a fazer na Capela de Nossa Senhora de Guadalupe, em Vila do Bispo. Era lá que se diz o Infante ia rezar; e é um lugar que tem para mim outras ressonâncias de grande significado íntimo. É um “sonho”. Talvez um dia...

Agora, para terminar, gostaria de saber a sua opinião a cerca do conceito Arrendar/Comprar com Paixão?

Não conheço do assunto o suficiente para me pronunciar sobre ele com propriedade. Mas o Fernando Pessoa tinha um grande apreço pela ati-vidade comercial – é disso que se trata, não é? Arrendar e Comprar é uma atividade comercial; dedicou-lhe versos e páginas que estão re-unidas num dos volumes do seu Pen-samento Político, com recomenda-ções quanto à utilização das cores, a leitura e a influência delas no cére-bro e por aí fora. E também recomen-dações ao comerciante sobre o que deveria ser a essência da sua ati-tude. São páginas riquíssimas que toda a pessoa devia ler - e os atores também. Um comerciante não pode deixar de ser um ator em potência - no sentido nobre do termo, e não na “macaquice” que a ele por vezes está associada. No Pessoa havia uma paixão pelo comércio - no ator não pode deixar de haver paixão pela sua arte. Comércio sem paixão é pura transação de interesses que não convocam a uma relação inten-sa, autêntica, nobre, entre as pes-soas. Os macacos e outros bichos também transacionam interesses, mas por estratégias de sobrevi-vência, sem paixão, sem transcen-dência. Paixão é a palavra-chave - para uma sensível e elegante e cordata relação comercial. Acho eu, que não sou comerciante. E a si, o que lhe parece?

Foi uma descrição fantástica do nosso conceito, porque de facto é a paixão que nos move…

Tentamos todos os dias trans-mitir transparência e confian-ça, elementos que não podem faltar numa grande paixão!

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