Date a Home Magazine | Jan / Fev 2014 | Page 43

Entrevista | Arrendar A Linha Com Paixão | REGIÕES

minha casa. Gosto muito da casa porque é um edifício antigo, com 40 e tal anos, e que mantém o soalho com aqueles tacos largos de madeira, que já não se vêem. Tem uma boa lareira, e é uma casa com uma boa construção em termos térmicos e de áudio. Eu prefiro estas casas mais antigas, que têm mais personalidade.

A localização é muito privilegiada. Do quarto à sala existe uma só varanda, que fica em cima da praia de São Pedro. Portanto acordo de manhã, abro o estore e tenho sol o dia todo no apartamento.

Gosta de ocupar-se com a decoração da casa, ou deixa isso para outros – família, decoradores?

O meu conceito de decoração é um bocadinho esqui-zofrénico. A minha mulher é do Porto, e a escola de arquitetura lá, nos anos 80, era muito minimalista. Já a escola em Lisboa era um bocadinho mais glamorosa e pós-moderna. Logo, o conceito de decoração da minha mulher é minimalista, mas tem uma coisa em comum comigo: temos poucas peças, mas elas têm valor sentimental.

Na minha casa tenho um sofá moderno, uma mesa de café anos 50, objetos de que gosto e que são de épocas diferentes, mas que casam entre si. Integra-mos numa sala quatro ou cinco coisas desse género, e basta.

O Miguel acaba sempre por se referir à música como “o grande sonho” da sua vida. A música continua a ser o seu “lugar ao sol”?

(risos) Ao sol, à chuva, à sombra. Tenho feito coisas diferentes. Lancei-me a solo, fui produtor da banda Os Lábios, e além de fazer a voz do Woody sempre que me pedem, e outras dobragens, continuo a escrever.

Tenho feito sempre coisas paralelas à música, mas mesmo assim desde 1987 dependo 80% dela para viver. Sempre foi esse o meu sonho: dedicar-me à música de corpo e alma e viver disso.

Com o fim da banda “Delfins”, em 2009, o Miguel lançou-se a solo. Como tem sido a vida pós-Delfins?

Desde há 3 anos para cá, com o fim dos Delfins, fui convidado pela Etic para integrar um grupo de docentes do curso de produção e criação musical.

Este ano estou a coordenar um curso técnico, de 2 anos, que permite aos alunos ingressarem numa faculdade de ensino superior no estrangeiro. Dou algumas aulas nesse curso e lido diariamente com miúdos de 20 anos que querem ser músicos, de várias áreas musicais, desde Heavy Metal ao Pop,

Rock, Early Music ou Jazz. Entrego grande parte do meu tempo hoje em dia à criação e à produção.

Já a carreira a solo, que comecei em 2012, está a correr muito bem. Tive um ano ótimo em que conse-gui fazer, no primeiro semestre, a tournée de teatros e auditórios, e depois a tournée de ar livre até ao fim de setembro. Terminei-a em Timor, o que foi extraor-dinário.

Cheguei a Portugal e comecei a lançar o disco de Natal, que já estava gravado desde agosto, e preparo agora o segundo disco a solo, cujo single sairá no princípio de abril.

Acredita no destino, que as coisas não acontecem por acaso?

São duas coisas diferentes. Eu não acredito que as coisas acontecem por acaso, mas acho que o acaso somos nós que o trabalhamos, que o preparamos, além de precisarmos de um bocado de sorte. É estar no sítio certo na hora certa, e para isso é preciso ter alguma sensibilidade. Portanto, eu acredito muito mais num projeto de vida que dará frutos se trabalharmos com dedicação. Os frutos não caem do céu.

Por exemplo, eu acredito na inspiração, mas, lá está, tenho a perfeita consciência de que essa inspiração chega-me de todas as músicas que oiço, de con-certos, dos livros que leio.

Em 25 anos de carreira a minha vida deu muitas voltas, e as decisões que se tomaram levaram-me adiante. O facto de não me acontecerem umas coisas, levam a que me aconteçam outras. Quando há um percurso que não é fácil, que nos surpreende, temos de lutar para sair desse mau momento, e entender que é algo passageiro. Isso é que torna uma carreira colorida e interessante, não monótona.

Para este ano há algum projeto que lhe interesse destacar?

Este ano estarei a lançar o single e depois parto para a gravação do álbum, que sairá no fim de outubro. Chamar-se-á Segundo Miguel Ângelo..

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