Curvilínea - 1ª Edição Revista Final | Page 25

Coluna O preconceito como fator negativo para o desenvolvimento da mulher N o mundo estereotipado em que vivemos, o que foge ao comum é considerado negativo. Onde os padrões de beleza im- posto são exagerados, e as mu- lheres são as que mais sofrem com eles. Nunca é o suficiente, “Você tá muito gorda, ou muito magra... O cabelo curto é coisa de homem, e esse cabelo gran- de? É de alguma religião?” E por aí vai, a sociedade acha que pode nos impor o que é o nos- so ideal de beleza, e ainda nos falam que feminismo é mimi- mi. Um dos preconceitos que te- mos mais forte, e a indústria da moda dita sobre ele, é o contra o excesso de peso, em que “Você tá muito gorda, deveria se cui- dar mais!”, e quem disse que uns quilinhos a mais, é feio? E o que ele pode gerar em quem ouve? Nós humanos, somos seres biopsicossociais, e o que seria isso? Somos seres biológi- cos, psicológicos e sociais, pre- cisamos do meio para existir, ou seja, precisamos do outro. Quando o preconceito surge em casa, onde é o nosso primei- ro modelo de interação social, a crença central¹ que criamos é ainda mais profunda, enraiza- da. Por exemplo, uma mãe que cobra a filha, de que ela não deve descuidar do seu peso, que ela está “feia” sendo um pouco mais gordinha, pode gerar nes- sa criança futuramente em sua fase adulta uma insegurança, e sua crença central sobre si, será negativa de desamor e desvalor. Onde na maioria das situações em que envolvam sua aparência seu pensamento automático² po- derá ser “Eu não sou boa o sufi- ciente” ou “Eu sou feia por ser gordinha... por que eu não consi- go emagrecer?”, entre outros. O preconceito social, vai agir quase que da mesma maneira que o dentro de casa, mas pode ser menos agressivo à pessoa, por vir de terceiros. Ainda assim isso causa desconfortos, gera in- seguranças, e podem criar uma nova crença central na pessoa. Exemplificando, uma mulher que cresceu em um ambiente familiar favorável, onde a empo- deravam, cresce com uma visão de si positiva, podendo passar por essas situações com uma maior resiliência. Já uma pessoa que o ambiente não foi favorá- vel, poderá lidar com aquilo de maneira mais negativa. E isso reflete em suas interações so- ciais. Por exemplo a auto aceita- ção da pessoa fica disfuncional, e isso poderá acarretar proble- mas como em suas relações, onde se sente insegura em estar com o parceiro. Então o olhar para o outro deve ser empático, e nunca julgador. Não sabemos o que o outro passa, para apontarmos erros e defeitos. O preconceito nada mais é, do que esse olhar disfuncional para algo que não conhecemos. Miriam Fernanda Clementina Psicóloga, formada pela Universidade Paulista UNIP (São José do Rio Preto). ¹ São entendimentos fundamentais e pro- fundos em que a pessoa considera como verdade absoluta de si, ou de alguma situ- ação. São crenças globais, rígidas e inten- samente generalizadas e podem ser disfun- cionais ou imprecisas. ² É o primeiro pensamento que vem a cabeça em determ