Cultura RPG | Page 22

mento, ou como eles param de ser jogados, tudo isso é um reflexo do momento cultural da época. Tudo isso porque, essencialmente, o RPG faz parte da cultura.

CRPG: Muito se fala do aspecto didático do RPG, entretanto pouco é abordado sobre sua cultura. As revistas nas quais você trabalhou, já pensaram no aspecto cultural do jogo?

RS: Muita gente vê o pessoal do RPG como vindo de outras culturas, outras tribos. Os RPGistas eram chamado de nerds (quando o termo não era exatamente legal), o RPG era mais uma coisa colocada no meio nerd. A pessoa para ser nerd (arque-tipicamento falando) tinha que ler quadrinhos, gostar de sci-fi, jogar vi-deogame e RPG, e cada um desses nichos culturais não eram vistos de forma exatamente separada. Uma pessoa que gostasse de um TINHA que gostar dos outros. Nas revistas que eu trabalhei, muitas vezes a gente tinha uma visão do RPGista como um nicho cultural, que fazia parte da cultura nerd, mas tinha suas características diferenciadas. Boa parte do sucesso da Dragão Brasil é o fato da gente ter um bom nível de conhecimento e entrosamento com o nosso público. Nós falávamos di-retamente com o nosso público, e sabíamos o que ele queria, o que jo-

gava, como jogava, como se reunia e etc.

CRPG: Considerando sua trajetó-ria profissional, você acha que é pos-sível viver de cultura?

RS: No Brasil sempre foi muito difícil se viver de cultura, porque o próprio conceito de “se viver de cul-tura” é bem complicado e muda mui-to rápido. Quando se fala disso, mui-ta gente cita casos de grandes su-cessos, como Maurício de Souza, Paulo Coelho, músicos, atores e etc. Mas a questão é que muita gente nem sabe direito o que é Cultura. Por outro lado, temos pessoas que acham que ganhar dinheiro com cultura é algo errado, usando termos como “vendido” ou “capitalista”. Tem gente que acha um absurdo um desenhista cobrar por uma ilustra-ção, que acha que um roteirista “só escreve”, que não produz nada “de verdade”. Quando a gente tem uma

entrevista

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