Contemporânea Contemporânea #8 | Page 21

Alexandre Fernandez Vaz é Professor da Universidade Federal de Santa Catarina, onde leciona e orienta no Programa de Pós-graduação em Educação e no Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas, e coordena o Núcleo de Estudos e Pesquisas Educação e Sociedade Contemporânea. Doutor em Ciências Humanas e Sociais pela Gottfried Wilhelm Leibniz Universität Hannover, Alemanha, onde atua como Pesquisador Convidado no Instituto de Sociologia (2015-2016). Pesquisador 1D Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), bolsista de pós-doutorado do mesmo órgão (215-2016).

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radicalidade tropicalista, viu-se condenado a ferver no caldeirão dos malditos (em boa companhia, diga-se) até ser pinçado de lá, na undécima hora, por David Byrne.

Caetano acabou, ao longo do tempo, por encontrar para si um termo médio, uma zona de conforto, equidistante da vanguarda, dos regionalismos, do requinte literário e do pop mais desbragado, onde pôde exercitar seus dotes de bom cantor e de excelente letrista. Já Gilberto Gil se dispôs a caminhar pari passu com os modismos musicais, procurando lhes

fexplorar as possibilidades e insuflar-lhes vigor criativo, o que, graças a seu imenso talento, frequentemente conseguiu.

Quanto ao Tropicalismo, sua herança mais notável é uma relativização confusa do gosto, que acaba por embotar sensibilidades e corroer a capacidade crítica de contrapor-se ao meramente dado. Entretanto, o vigor de seu impulso inicial e as possibilidades que abriu permanecem inspirando e informando a trajetória dos mais audazes cultivadores de canções.

Renato de Barros Pinto é músico, graduado em Composição pela UFMG e Mestre em Processos de Criação Musical pela USP. Atualmente cursa o Doutorado Interdisciplinar em Ciências Humanas da UFSC, onde pesquisa a Música Popular Brasileira.