Contemporânea Contemporânea #7 | Page 25

CUBA

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Em conversas com proprietários e proprietárias de casas populares, motoristas de taxis colectivos, com o guia de turismo na plantação de fumo ou com o do Parque Nacional, ficou muito claro: em qualquer lugar encontramos cubanos e cubanas que sabem seu lugar no mundo. Dominando conhecimentos históricos, geográficos e políticos, são de conversa interessante, atrativa. Pelo motorista de taxi sabemos sobre as relações econômicas e particularidades culturais da Ilha; a locadora da casa particular é uma expert em arquitetura moderna e de interiores; o funcionário no guichê de informações expressa-se em Inglês; o guia do parque florestal é um especialista em plantas medicinais e em cultivo ecológico.

Para turistas que se aventuram por sua própria conta e risco à exploração do país, fica a impressão de que o sistema educacional cubano é de alto nível, com cidadãos e cidadãs desfrutando de ótima formação. Estão informados sobre o que acontece no mundo e com alguma frequência falam Inglês, Alemão ou Francês, além de Espanhol. Sobre repressão e tortura, no entanto, os turistas não são informados.

Seria um equívoco rotular o diário cubano Granma como um panfleto de propaganda. Mesmo que em muitos dos artigos o embargo perpetrado pelos Estados Unidos seja responsabilizado pelos problemas que são enfrentados diariamente no país, também estão nas páginas do jornal acontecimentos políticos nacionais, da América Latina e do restante do mundo, interpretados de forma refletida e diferenciada.

Na internet, no entanto, aparecem em primeiro plano os Hotspots oficiais. Com um cartão pré-pago, não exatamente acessível aos cubanos e às cubanas, pode-se acessar a web sem restrições, ainda que o uso em lugares públicos, como praças, hotéis e parques, seja vigiado e com tempo limitado.

Observa-se a existência de uma disputa por clientes entre casas particulares, taxis, restaurantes, bares etc., que apesar de praticarem oficialmente os mesmos preços, podem oferecer descontos.

Para quem viaja pela Ilha, Cuba se apresenta, como sugerido acima, como um país aberto, de gente educada. De onde emerge esta impressão é algo que vai aos poucos se mostrando. O turista trava contato, principalmente, com cubanos e cubanas que frequentaram a Universidade, pessoas que procuram algum tipo de complementação frente ao insuficiente salário no emprego estatal, ou que simplesmente perderam seus postos de trabalho. Quer dizer, é porque o governo cubano já não pode prover seus mais bem formados cidadãs e cidadãos com empregos que tal situação se dá.

Raúl Castro demitiu, desde 2010, entre quinhentos mil e um milhão de funcionários públicos. Eles podem, ou melhor, devem assumir os postos de trabalho que o governo simultaneamente oferece, mas como autônomos (cuenta propia). Os que perderam sua profissão são obrigados a, em maior ou menor medida, sustentar-se por sua própria conta. De fato, as profissões que foram disponibilizadas para o mercado, uma lista que alcança 200 itens, não o são em sentido rigoroso, para as quais seria importante uma

2. O povo cubano desfruta de boa formação educacional

3. Cuba fica buscando desculpas