Contemporânea Contemporânea #7 | Page 24

CUBA

24

Sieglinde Jornitz

Traduzido por Alexandre Fernandez Vaz

Quem da Europa visita Cuba, o faz por dois motivos: banhar-se e mergulhar nas praias caribenhas ou tomar nas mãos a última oportunidade de viajar a um país socialista, antes que mude sua estrutura e ele se torne como um outro qualquer. Ao turista, Cuba se apresenta, de cara, como uma viagem interessante, com todo o conforto dos países industrializados, o que inclui a presença de resorts e de todo tipo de facilidade, mas também como modelo social e politicamente alternativo.

Em 2008, Raúl Castro finalmente assumiu a chefia de governo, substituindo seu irmão Fidel. Não se sabe muito bem o que será do país a partir de 2018, quando a Era Castro deverá terminar. Foi neste período de transição hoje vivido que viajamos para Cuba para uma visita de três semanas, no verão europeu de 2016, alguns meses depois do nonagésimo aniversário de Fidel e pouco antes de sua morte, em 25 de novembro. Testemunhamos um lindo país em cores fortes: o verde sanguíneo da vegetação que separa a terra vermelha e o branco das praias, sempre sob céu azul. Viajamos de Havana a Viñales, no Oeste, alcançando depois Santiago de Cuba, na região leste da Ilha.

Qual nossa impressão sobre uma nação em trajetória de mudança? Admirável, sobretudo, a organização do país, confirmada, aliás, por ocasião do Furacão Matthew, em outubro do ano passado. Para quem não viaja em excursão e que explora a Ilha por seus próprios meios, Cuba se mostra, principalmente, sob três aspectos. Vejamos.

Junto com os ônibus, os taxis colectivos são o meio de transporte interurbano mais usuais no país. Eles corporificam não apenas o charme de uma era decadente em cuja paisagem reinam os grandes semáforos americanos, mas oferecem a possibilidade de, individualmente ou em pequenos grupos espontaneamente constituídos, chegar a uma cidade próxima. Não é algo frequente para os turistas europeus solicitar uma corrida para o dia seguinte, com preço combinado, e de tal reserva não receber qualquer comprovante escrito. Aqui vale apenas a palavra. Aos poucos vai ficando claro que não apenas aos turistas falta uma comprovação do que fora combinado, mas também aos cubanos. Cada parte contratante assume para si a insegurança do trato, deixando-se afiançar pela palavra empenhada. Isso acaba funcionando tão bem que se reconhece que a boa organização em Cuba também tem a ver com a confiança entre as partes.

Assim também funciona a incerta rede de casas particulares. Uma vez numa dessas casas em Havana, ao turista será sugerida a próxima amiga na cidade seguinte, onde será reservado um quarto. É a forma cubana de trabalho conjunto, que demanda uma rede que para o turista permanece invisível, mas que, ainda assim, lhe demanda confiança. Mesmo sem a costumeira confirmação de reserva!

CUBA – IMPRESSÕES SOBRE UM PAÍS EM COMPASSO DE ESPERA

1. Cuba é bem organizada, apesar da carestia