CineBA Volume 1 | Page 40

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ARTIGO

As dificuldades encontradas no mercado cinematográfico baiano

Paulo Alcântara

Diretor, fotógrafo e editor audiovisual.

Produzir filmes é uma atividade bastante complexa. Na maior parte das vezes envolve uma quantidade razoável de recursos humanos e materiais, o que acarreta uma despesa considerável. Devemos levar em conta que o audiovisual é uma atividade ao mesmo tempo artística e industrial, onde não adianta apenas produzir um produto, é necessário também saber como escoar a produção. No nosso caso, saber como distribuir e exibir nossos produtos. Nesse raciocínio podemos encontrar as duas maiores dificuldades para a produção audiovisual, não só em nosso Estado, mas como um todo: o financiamento da produção e o gargalo da distribuição/exibição.

É claro que o advento das novas mídias e a possibilidade cada vez maior de publicar vídeos através de redes sociais como o Youtube, Vimeo, Instagram, Facebook, dentre outras, tem possibilitado a muitos encontrar seus públicos nesses meios. No entanto essas produções são geralmente produções de baixo custo e com uma estética voltada a esses meios de distribuição e exibição. No caso dos filmes de ficção que têm sua atenção voltada ao mercado de streaming (Netflix, por exemplo) ou salas de cinema, a problemática é muito maior.

Nos últimos anos temos visto um aumento de filmes baianos em festivais nacionais e internacionais. Mas poucos destes filmes conseguiram um espaço de exibição em circuito comercial. Existe uma concentração das grandes distribuidoras no eixo Rio-SP que dificulta bastante a participação de filmes de Estados fora do eixo. Poucos são os filmes baianos que conseguem uma distribuição nacional. Os poucos que conseguem um distribuidor não são tratados adequadamente. Dificilmente encontraremos um filme produzido na Bahia que consiga ficar mais de duas semanas em uma sala de cinema. A falta de orçamento para divulgação dificulta atrair um público razoável para manter o filme em cartaz.

Os filmes produzidos na Bahia são em sua maioria financiados através de editais municipais, estaduais e federais. Desde 2006, o Fundo Setorial do Audiovisual (instituído por lei federal 11.437) tem sido o principal mecanismo de captação para a realização de filmes para cinema e para TV. Essa dependência dos editais juntamente com uma certa informalidade nas relações de trabalho são também grandes dificuldades que encontramos na produção de filmes.

Apesar dessas dificuldades aqui apontadas, o setor audiovisual na Bahia apresenta uma grande produtividade pois conta com a vontade de produzir filmes mesmo sem grandes recursos e os realizadores conseguem alavancar seus projetos utilizando os festivais como vitrine.