cronica
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A idade da reforma
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Os acontecimentos das últimas semanas vieram adensar ainda mais a nuvem negra que
paira sobre a F1 e que todos os responsáveis
teimam em ignorar. Surgem todas as semanas
notícias que fazem torcer o nariz aos fãs e que
obviamente não atraem pessoas que queiram
começar a ver.
tos de tv, merchandising e patrocinadores são
quase 2 mil milhões de euros por ano. Não vou
continuar a falar de números mas este pequeno
quadro dá a ideia clara que a F1 não tem problemas de dinheiro. Bernie pode dar-se ao luxo de
nadar em notas como fazia o Tio Patinhas.
Todos dizem que a F1 está em crise. As equipas
médias e pequenas passam por um mau bocado e o financiamento é curto. Mas será correcto
dizer que a F1 está em crise? Será o termo “crise” bem usado neste caso?
Para chegar a uma conclusão basta referir alguns valores. Em 2006 a CVC comprou os direitos da F1 por quase 2 mil milhões de euros.
No ano passado era estimado que o valor da F1
era de 12 mil milhões de euros e que a CVC já
foi “buscar” 8.2 mil milhões (fonte: Forbes). Um
desporto que faz girar tanto dinheiro pode dar-se ao luxo de dizer que está em crise?
Outros valores interessantes: a F1 vai buscar o
dinheiro a vários sítios. Patrocinadores, direitos
televisivos, aos honorários pagos pelos circuitos para receber as provas, e ao merchandising.
E o valor que a F1 tem recebido ao longo dos
anos nunca párou de aumentar. Basta ver por
exemplo que para o circuito da Malásia receber
o GP tem de pagar à volta de 67 milhões de
euros. Abu Dhabi paga 66 e Singapura paga 65.
Somando todos os honorários das pistas, direi54 | Chicane Motores
Então onde está o problema da F1? Infelizmente
não tem a ver com dinheiro mas sim com um
paradoxo… a modalidade mais avançada do
mundo no que à tecnologia diz respeito, parou
no tempo. Os homens que gerem os destinos
dos V6 híbridos são os mesmos que há 20 anos
geriam os destinos dos V12 atmosféricos. E infelizmente ainda não entenderam que o mundo
mudou muito desde então.
Há 20 anos atrás a F1 era o topo. Era o desporto mais apetecido. Hoje em dia é vista por muitos como apenas mais uma competição. Num
mundo global, há cada vez mais modalidades a
ganhar peso e a F1, que passou por uma fase
menos “interessante” no início do milénio, começa agora a ressurgir mas ainda é olhada de lado
por muita gente. Mas como a máquina continua
a fac turar, ninguém parece notar a menor preponderância do Grande Circo. Mais uma vez,
os fãs, aqueles que deveriam ser a parte mais
importante da equação, são esquecidos. Quem,
por exemplo, diz que não precisa do Facebook