Chicane Motores Vol. 3 (mensal) | Page 54

cronica ´ A idade da reforma _______________________________________________________________________________________ Os acontecimentos das últimas semanas vieram adensar ainda mais a nuvem negra que paira sobre a F1 e que todos os responsáveis teimam em ignorar. Surgem todas as semanas notícias que fazem torcer o nariz aos fãs e que obviamente não atraem pessoas que queiram começar a ver. tos de tv, merchandising e patrocinadores são quase 2 mil milhões de euros por ano. Não vou continuar a falar de números mas este pequeno quadro dá a ideia clara que a F1 não tem problemas de dinheiro. Bernie pode dar-se ao luxo de nadar em notas como fazia o Tio Patinhas. Todos dizem que a F1 está em crise. As equipas médias e pequenas passam por um mau bocado e o financiamento é curto. Mas será correcto dizer que a F1 está em crise? Será o termo “crise” bem usado neste caso? Para chegar a uma conclusão basta referir alguns valores. Em 2006 a CVC comprou os direitos da F1 por quase 2 mil milhões de euros. No ano passado era estimado que o valor da F1 era de 12 mil milhões de euros e que a CVC já foi “buscar” 8.2 mil milhões (fonte: Forbes). Um desporto que faz girar tanto dinheiro pode dar-se ao luxo de dizer que está em crise? Outros valores interessantes: a F1 vai buscar o dinheiro a vários sítios. Patrocinadores, direitos televisivos, aos honorários pagos pelos circuitos para receber as provas, e ao merchandising. E o valor que a F1 tem recebido ao longo dos anos nunca párou de aumentar. Basta ver por exemplo que para o circuito da Malásia receber o GP tem de pagar à volta de 67 milhões de euros. Abu Dhabi paga 66 e Singapura paga 65. Somando todos os honorários das pistas, direi54 | Chicane Motores Então onde está o problema da F1? Infelizmente não tem a ver com dinheiro mas sim com um paradoxo… a modalidade mais avançada do mundo no que à tecnologia diz respeito, parou no tempo. Os homens que gerem os destinos dos V6 híbridos são os mesmos que há 20 anos geriam os destinos dos V12 atmosféricos. E infelizmente ainda não entenderam que o mundo mudou muito desde então. Há 20 anos atrás a F1 era o topo. Era o desporto mais apetecido. Hoje em dia é vista por muitos como apenas mais uma competição. Num mundo global, há cada vez mais modalidades a ganhar peso e a F1, que passou por uma fase menos “interessante” no início do milénio, começa agora a ressurgir mas ainda é olhada de lado por muita gente. Mas como a máquina continua a fac turar, ninguém parece notar a menor preponderância do Grande Circo. Mais uma vez, os fãs, aqueles que deveriam ser a parte mais importante da equação, são esquecidos. Quem, por exemplo, diz que não precisa do Facebook