Catálogo Cine FAP Western | Page 7

18/08/2014 Rio Vermelho, de Howard Hawks (Red River: EUA, 1948 – 133 min.) Tom Dunson, um homem que tornou-se rei do gado e fará qualquer coisa para proteger seu meio de vida. Então, quando o valor do gado despenca, obrigando-o a conduzir seu rebanho através da traiçoeira Trilha Chisholm até Missouri, Tom prova que está disposto a arriscar tudo para alcançar seu destino...até sua própria sanidade. Trecho de: “Ford vs. Hawks”, por Luiz Carlos de Oliveira Jr. Íntegra: : http://www.contracampo.com.br/97/artjohnfordjr.htm A comparação entre Ford e Haws é das mais estimulantes. Os próprios filmes incentivam o duelo: O Paraíso Infernal é abertamente inspirado em Asas Heróicas; Hatari! é feito em cima dos mesmos motivos de Mogambo; Rio Vermelho antecipa o tema da velhice que será tônica dominante dos personagens de John Wayne em filmes de Ford a partir de então, tendo o oficial da cavalaria que se aposenta em Legião Invencível e o Ethan Edwards de Rastros de Ódio como os dois capítulos mais importantes dessa odisseia de envelhecimento. As narrativas de Ford, assim como as de Hawks, se pautam numa alternância fundamental entre itinerância e assentamento, ação e repouso, dinamismo e estatismo, vita activa e vita contemplativa. No nível plástico, Ford expressa esse dualismo na magnífica combinação de plano fixo e movimento. Se os heróis de Hawks optam pela ação, os de Ford estão divididos entre ação e contemplação. Não se pode esquecer, contudo, que contemplar é uma forma de agir: “A contemplação (reflexão) é a primeira reação liberal do homem com o mundo que o circunda” (Schiller). Ford e Hawks são duas faces do que Hollywood produziu de melhor em seu período áureo. A principal diferença é que Hawks (sobretudo a partir dos anos 1940) há o predomínio da forma aberta, da energia em tráfego livre, e seu estilo é menos uma escritura do que um modo de focalização dessa energia, ao passo que em Ford a energia se acha capturada na forma, a estilização orienta os planos, a escritura se faz notar, a mise en scène tende ao monumental. Hawks, cineasta do espaço, do plano atrelado à energia do movimento. Ford, cineasta do quadro, da paisagem transformada em pintura. Há, neste último, uma ascese do espaço pelo quadro.