Capitalismo e população mundial | Page 70

subnutridos: sua proporção no mundo caiu de 26% nos anos 1968/1971 para 14%, em 2000/2002. Mas devido ao aumento da população global no período, o nº absoluto de subnutridos reduziu-se pouco, de 960 milhões, em 1968/71, para 850 milhões em 2000/2002. A pressão desta multidão de famintos, deste exército de reserva desesperado sobre, por exemplo, o mercado de trabalho europeu, tem uma de suas expressões mais dramáticas nas sucessivas levas de imigrantes africanos que morrem afogados no Mediterrâneo em busca de qualquer emprego nos países desenvolvidos. E o drama não é menor na fronteira sul dos EUA. Mas seria possível acabar com a fome no mundo, a curto prazo? A produção mundial de alimentos permitia, já em 2001, um consumo médio de 2.414 kilocalorias/dia para cada habitante da terra.2 Do ponto de vista puramente quantitativo este objetivo seria atingível. Mas, nas condições do capitalismo, tal cálculo deve levar em conta, no mínimo, duas outras variáveis: a concentração da riqueza e os preços dos alimentos. Quanto à concentração da riqueza é significativo o seguinte trecho do relatório que a Oxfam (Oxford Comittee for Famine Relief) fez para o Fórum de Davos, de janeiro de 2014: 2 Food and Agriculture Organization of United Nations, Statistics Division-2010. 68 Capitalismo e população mundial