Boletim de Notícias nº7 | Page 18

Parcerias em Instituições de Ensino Superior Africanas O progresso do Ensino Superior depende, em larga medida, do facto de este não permanecer fechado sobre si mesmo, mas de ter a capacidade de se abrir ao exterior e às oportunidades que existem fora dele. Assim, as parcerias e protocolos de cooperação que podem ser estabelecidas entre Instituições de Ensino Superior, ou destas com empresas ou com centros de investigação, assumem-se como uma forma importante de as academias tirarem partido dos métodos e conhecimentos conjuntos. No s eio das Instituições de Ensino Superior membro da AULP, esse esforço de cooperação e intercâmbio de competências é evidente. Neste sentido, procurámos saber, relativamente a algumas dessas instituições - neste caso, focámonos nas instituições dos países africanos de língua portuguesa -, quais as parcerias que estas desenvolvem e quais os seus benefícios para a instituição e comunidade académica, bem como quais as dificuldades encontradas no estabelecimento desses protocolos. Em resposta à AULP, a Universidade Técnica de Angola (UTANGA) afirma ter diversas parcerias com instituições nacionais e internacionais, desenvolvidas no âmbito do seu Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI). Dessas parcerias destacam-se os acordos de cooperação com a Universidade de Lisboa, a Universidade de São Paulo, a Universidade da Bahia e o Centro Universitário de Maringá. No caso da Universidade de Lisboa, esses acordos permitiram à UTANGA enviar 36 alunos de mestrado de várias áreas científicas para faculdades como o Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) e o Instituto Superior Técnico (IST). No entender do Reitor da Universidade Técnica de Angola, o Professor Doutor Victorino Reis, esta cooperação traz vários benefícios, não só para a sua instituição, mas para todas as envolvidas. Esses benefícios surgem ao nível da promoção do intercâmbio de estudantes de graduação e pós-graduação, da promoção de estágios de docentes, funcionários e investigadores, da colaboração na definição e desenvolvimento dos planos curriculares, da supervisão conjunta de teses de mestrado e doutoramento, do apoio à criação e gestão de laboratórios direcionados ao ensino e investigação, e ainda da promoção de iniciativas de investigação conjuntas e conferências científicas. De acordo com o Professor Doutor Victorino Reis, «de um modo geral, não tem havido dificuldades no estabelecimento dessas parcerias», uma vez que a independência do país e a consequente proliferação de universidades aumenta18 ram o esforço de internacionalização destas instituições. Daí que «as dificuldades não ocorram no estabelecimento das parcerias mas sim na sua execução». Para Victorino Reis, existem, por vezes, alguns problemas administrativos na concessão de vistos de entrada nos respetivos países, o que constitui uma barreira na mobilidade de docentes, discentes e investigadores. Além disso, existem algumas dificuldades na conceção de programas conjuntos que contribuam para a consolidação dos protocolos de cooperação. Por sua vez, a Universidade Politécnica de Moçambique, e segundo a Professora Doutora Rosania da Silva, «definiu como objetivo estratégico afirmar-se como um centro de referência ao nível da pesquisa científica e tecnológica, com base nos pilares fundamentais da formação, investigação e extensão universitária». Neste contexto, a Universidade Politécnica de Moçambique possui uma grande diversidade de acordos de cooperação, entre elas com a Universidade de Évora, a Universidade Federal do Espírito Santo e o Instituto Politécnico de Macau. Ao nível da atribuição de bolsas de estudos e estágios, a instituição tem, igualmente, um grande leque de parcerias, como, por exemplo, com a Assembleia da República de Moçambique e vários Ministérios, com o Banco Santander Totta e com a Administração Nacional de Estradas. À luz da perspetiva da Professora Doutora Rosania da Silva, os protocolos de cooperação com outras Instituições de Ensino Superior assumem especial importância no caso da Universidade Politécnica de Moçambique: «a opção pelo sistema bilateral entre universidades foi o modelo que melhor se adequou à sua realidade, devido ao facto de, por ser uma instituição privada, por vezes não poder entrar no circuito das relações multilaterais entre governos e pelas dificuldades da conjuntura de relações universitárias entre os países, ficando por vezes as universidades provadas à margem deste benefício». Desta forma, e para ultrapassar este entrave, a UPM sempre procurou desenvolver acordos de cooperação com universidades de língua portuguesa mas, igualmente, com instituições do espaço africano, europeu, latino-americano e asiático. De acordo com a Professora Doutora Rosania da Silva, a existência destas parcerias permitiu que a UPM, uma instituição formada apenas no ano de 2007, se desenvolvesse e ultrapassasse obstáculos que teria mais dificuldade em enfrentar sozinha no seu processo de crescimento.