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bem, se não gostarem... Tchau!” [risos]
(Mikel Shiraha): O Henrique tem de criar uma peça em
que possas andar nu a fazer acrobacias! [risos]
que começas a entrar na personagem, tu esqueces-te
completamente. Eu esqueci-me e continua a acontecer!
Não me custa nada, quando estou nos bastidores ou
nos agradecimentos! No entanto, quando me cruzo com
pessoas que já me conhecem, é um bocado constrangedor!
[risos] Isso é algo muito engraçado, porque este é um
espectáculo onde tu estás muito à-vontade, mas quando
acabas, pensas: “Ui! E agora?” Isso acontece porque aí já és
tu próprio, não a personagem!
(Fábio Constantino): Eu bem tentei, mas ele não quis!
[risos]
(Mikel Shiraha): Já vos aconteceu alguma situação
constrangedora, enquanto actuavam?
(Fábio Constantino): Curiosamente, comigo foi um
bocado engraçado porque eu tenho dificuldades com as
coreografias e a movimentação... Tipo se for no ar, muito
bem, agora no chão... é mais difícil! [risos]
(Henrique Feist): É verdade, ele bem quis! [risos]
(André Oliveira): [risos]
(Fábio Constantino): Na audição, eu aprendi a
coreografia vestido e passadas umas quantas vezes,
sentia-me estranho, as coisas não fluíam naturalmente.
[risos] Assim que me despi, pensei: “Agora vai ou racha!”
[risos] Fiz tudo bem logo à primeira, sem erros. Foi lindo e
maravilhoso! [risos] Pensei: “Que fixe! Afinal estar despido é
mais fácil do que aquilo que eu imaginava!”. [risos] E pronto,
se calhar até me ajudou a entrar no papel, porque depois
quando recomeçamos a trabalhar nas coreografias, voltei a
estar vestido e já não foi assim tão bom! [risos]
(Marcelo Rodrigues): Estar despido é um desbloqueador.
(Pedro Paz): Há sempre uma primeira vez! [risos]
[Marcelo Rodrigues]: Para mim estar despido são coisas
que se fazem. Eu quando fiz um exercício em que fiz de
Ricardo II, na cena que se passa na prisão, fazia-o despido.
Não para tanta gente, é certo, era uma coisa muito mais
pequena. Portanto, eu já tinha actuado nu. Quando estava
em palco, pela primeira vez, para fazer este espectáculo,
estava pouco à-vontade. Mas, a partir do momento, em
que começas a falar, a cantar... A partir do momento em
(JP): Conta-nos, André! [risos]
(João Lopes): Eu conto! [risos]
(JP): Contam os dois! [risos]
(João Lopes): Uma das coisas que me aconteceu foi
no número em que faço de criada, um certo indivíduo da
plateia começou a abusar, pois fartou-se de lançar imensos
elogios... Eram bons elogios, mas achei aquilo exagerado e
desnecessário. Ele falava tanto e tão alto, que mesmo eu
estando a cantar, conseguia ouvi-lo. Mas tirando isso... Olha,
eu assumi a minha personagem e fiz-lhe um ar “daqueles”,
do tipo: “Morre!” [riso geral]
(André Oliveira): Um momento
Normalmente é esquecer-me da letra!
constrangedor?
(Mikel Shiraha): E piropos? [risos]
(André Oliveira): Eu sou o único que não recebe piropos!
[faz carinha triste] [riso geral]
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(JP): Ohhhh, tadinho! [riso geral] Ele recebe sim!
Recebe piropos do género: “Oh amor, estamos aqui!” E
também: “Faz-me um filho!” [riso geral]
(André Oliveira): O que é que queres que eu diga a essas
pessoas? [risos]
(Pedro Paz): Eu posso dizer que em relação à minha
personagem... Sim, há alturas em que me sinto constrangido
porque vejo caras estranhas a olharem para mim, a
pensarem: “Oh meu Deus, o que é que ele está a fazer?”
[risos] A minha personagem é uma vedeta porno que
em cena tem determinadas “posições” e ainda por cima,
eu estou nu e estou em posições que por vezes deixam
o público desconfortável e eu também, às vezes. Agora
já menos. No início estava desconfortável e sim, essa foi
uma das situações mais constrangedoras para mim, em
cena. Houve outra situação constrangedora, que ocorreu
na estreia, em que tenho de subir as escadas sem olhar
para os degraus e foi constrangedor porque eu, antes de
começar a subir as escadas, pisei uma grande poça de suor.
Nós dançamos muito e suamos, o que é normal. Eu pisei a
poça mesmo à boca da escada e para subir, foi complicado!
[risos] Foi complicado ter que subir a escada de metal com
o pé a escorregar! Eu só pensava: “Oh meu Deus! Eu voume espalhar, completamente!” [risos] Mas pronto, correu
bem!
(Mikel Shiraha): Vocês acham que os temas abordados
são suficientes? Pensam que valeria a pena explorar outras
situações do universo masculino?
(JP): Eu acho que não. Neste musical tanto tens temas
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