Ateneu Filosofia - Platão a República | Page 3

S ócrates responde que, para continuar, é necessário definir, antes, em que consistem a justiça e a injustiça e pede licença para agir como aquele que, tendo que ler um texto escrito em letras miúdas, recorre ao argumento de que esse mesmo texto está escrito com letras maiores em outro lugar. Para assim proceder, propõe começar investigando onde está a justiça no Estado, para só então descobrir onde ela reside nos indivíduos. É a partir desse momento do diálogo que Platão começa a delinear sua cidade ideal, a sua República. Para ele, a cidade nasce porque nenhum homem, sozinho, é capaz de satisfazer todas as suas necessidades, ao passo que a divisão do trabalho faz aumentar a eficiência. Uma cidade simples, sem luxos nem afetações, manteria sua coesão, pela própria necessidade que cada um de seus membros tem, em relação aos demais. Se, no entanto, quisermos estabelecer uma cidade com todo tipo de comodidades, surgirão certamente sentimentos como os de inveja e receios que tenderão a quebrar sua unidade. P latão prescreve a divisão da cidade em três classes. A primeira será a dos governantes ou guardiões, cuja função é governar e sua principal característica deve ser a capacidade intelectual, ou seja, propõe o governo dos melhores. E como os melhores são os filósofos, defende que sejam eles os governantes de sua imaginária república. Sua diretriz deve ser que velem pelos interesses da cidade, como se velassem pelos seus próprios. A segunda categoria será a dos guerreiros e auxiliares, cuja principal tarefa deve ser a defesa da cidade, tanto das agressões externas, quanto das desordens internas.