As ruas e a democracia. Ensaios sobre o Brasil contemporâneo | Page 93
infraestrutura. Mas, e se o problema estiver naquilo que os administradores chamam de atividades-meio, ou seja, na ineficiência
da gestão? Nesse caso, todo o esforço feito para melhorar as
atividades-fim será desperdiçado. Será preciso, pois, diagnosticar bem e formar equipes gestoras que turbinem o sistema.
Nada disso atinge a substância, o mérito, da proposta. Mas
requer entendimento e esclarecimento. Para que não se estrague a iniciativa. [11/07/2013]
Governança precária
Com a morte do plebiscito e depois da diminuição do entusiasmo com que se pede reforma política no país, a ofensiva governamental parece estar ancorada no Programa Mais Médicos,
com que se almeja turbinar, democratizar e emprestar eficiência
à Saúde.
Dada a ênfase que se depositou na reforma como eixo da
resposta governamental ao clamor das ruas, será possível mexer
na Saúde e na Educação sem que se altere o sistema político?
Se a resposta for “sim”, o governo errou ao descarregar fichas na reforma política: ela não é tão importante assim e só foi
pensada para indicar que se tem em Brasília um governo ativo,
capaz inclusive de decifrar o substrato oculto do que pedem as
ruas. O governo falou em reforma, mas não falou de uma reforma
específica, provavelmente porque não tem uma opinião coesa a
respeito. Com isso, não teve como dar força à própria proposta,
não teve como brigar por ela, que terminou por ser desarmada
no Congresso. Se a resposta for “não”, ou seja, se se concluir
que a melhoria da Saúde e da Educação, assim como o atendimento das demandas das ruas por melhores políticas públicas,
não podem avançar porque há obstáculos políticos que precisariam ser superados mediante uma reforma do sistema político,
então temos um grande problema: rapidamente, as propostas
II. Depois de junho. Sobre as respostas governamentais
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