As ruas e a democracia. Ensaios sobre o Brasil contemporâneo | Page 204
interferência do Estado nas redações ou em orientações jornalísticas. Não se trata de controle, mas de democracia. Ou seja, de
abertura de mais espaços e da inclusão de mais grupos e setores
sociais na cena pública e nas esferas políticas. Tem a ver com
normas que facilitem a formação do maior número possível de
empresas de comunicação, (estatais, privadas, cooperativadas) e
criem condições para a sobrevivência e a atuação delas. Trata-se,
em suma, de aumentar a competição democrática no âmbito da
comunicação, reduzindo assim o risco de que se constituam
mecanismos de formação unilateral da opinião.
A discussão é difícil, mas inadiável. Um sistema de comunicação amplo, plural e independente interessa a todos. Por isso,
vale para ele o que foi escrito a respeito do jornalismo: “A prática jornalística nunca dependeu tanto da reflexão e do estudo
como agora. Uma redação não é um balcão onde notícias são
empacotadas. É um núcleo encarregado de pensar. Ela é tanto
melhor quanto melhor for a sua capacidade de elaboração coletiva. O jornalismo é uma atividade intelectual – ou é inconsequente e tolo” (BUCCI, 2002, p. 199).
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