As ruas e a democracia. Ensaios sobre o Brasil contemporâneo | Page 180
O que poderia conversar com as ruas seria uma proposição radical, que sepultasse a representação política como carreira e
negócio” (SOARES, 2013).
De qualquer modo, se a questão for responder às ruas de
junho, uma reforma política concentrada no eleitoral poderá na
melhor das hipóteses ter um pequeno efeito. Ajudará, mas não
resolverá. Políticas públicas de qualidade dependem sem dúvida do modo como se faz política e da institucionalidade existente. Mas dependem mais ainda de capacidade de gestão, de formulação, avaliação e controle. Passam por relações complicadas
entre os entes da federação. Não podem ficar na esfera exclusiva
de governos, parlamentares e partidos. Precisam ser projetadas
como políticas de Estado, abertas para o conjunto da sociedade
e formatadas democraticamente pelos cidadãos e por suas
organizações.
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