As ruas e a democracia. Ensaios sobre o Brasil contemporâneo | Page 178

O Brasil parece ter ingressado numa fase “pós-democrática”, em que os partidos políticos já não mais coordenam a sociedade e nem orientam os processos de mudança. Mantêm-se como personagens importantes do mundo político, caçadores de votos mas não de consensos, até mesmo porque não têm ideias a oferecer. No formato atual, os partidos não dão conta da complexidade social e não se mostram capazes de agir com determinação reformadora e disposição para organizar a sociedade. Se desejarem se reconstruir como atores positivos, dependerão bastante das medidas que vierem a ser tomadas em termos de reforma política. Além de produzir estragos nos partidos e no sistema representativo, a política em estado de sofrimento também problematiza a figura do estadista. Rebaixa-a ou à condição do bom administrador ou à condição do líder que ampara e protege os mais fracos. Estadistas são acima de tudo governantes que se destacam por possuir e encarnar um projeto coletivo, quer dizer, um projeto de sociedade ou de unidade nacional, que inclua mais que exclua e anuncie c