As ruas e a democracia. Ensaios sobre o Brasil contemporâneo | Page 143

diam a seus próprios planos e projetos, e em parte foram objetivados pelos interesses econômicos e pela própria dinâmica da economia. Seis frentes ganharam relevância: 1. Blindar a economia nacional e neutralizar os efeitos da crise internacional, de modo a aproveitar as oportunidades abertas pela reiteração da recessão mundial. 2. Reduzir ou eliminar a dualidade da economia brasileira, dividida entre poucos setores que crescem aceleradamente e muitos setores de crescimento lento e menor produtividade. Considerando-se o conjunto da economia, a produtividade brasileira não tem avançado expressivamente nas últimas décadas, já que o modelo de crescimento adotado está fortemente impulsionado pelo consumo e pelos serviços. Ainda que as exportações tenham aumentado, ainda é o mercado interno o principal fator de propulsão da economia, o que não ajuda a melhorar substancialmente a produtividade industrial. 3. Contornar as dificuldades de inovação, pesquisa e desenvolvimento no setor industrial, um dos mais sérios gargalos da modernização capitalista brasileira. 4. Enfrentar com determinação os graves déficits existentes na infraestrutura, que problematizam a expansão e criam tensões sociais importantes, onerando a vida cotidiana, as operações estatais, as transações comerciais e a produção industrial. 5. Adotar políticas e iniciativas que eliminem o atraso educacional do país, um dos mais complicados problemas com que se defronta o Brasil moderno. 6. Equacionar o assim chamado “custo Brasil”, associado a um mix de problemas e fatores que oneram exageradamente a produção e distorcem a política de preços, entre os quais se incluem a carga tributária, os encargos sociais, a ineficiência da Justiça, a burocracia excessiva, a precariedade da infraestrutura. Agitada pela elite empresarial para defender a redução dos imIII. Voo panorâmico sobre o governo Dilma 141