As ruas e a democracia. Ensaios sobre o Brasil contemporâneo | Page 126
ao prosseguimento das políticas de incentivo ao consumo,
combinadas com isenções fiscais e redução das taxas de juros.
A expectativa era de que a persistência do baixo dinamismo
causaria algum efeito sobre o mercado de trabalho, assim como
sobre a inflação.
Políticas sociais como reorganização social
A progressiva elevação do gasto social e a adoção pelo governo
federal de orientações que privilegiam os setores mais frágeis e
vulneráveis da população têm sido traços marcantes da política
social brasileira dos últimos anos. O gasto social atingiu quase
16% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009. Foram destinados
às áreas de saúde, educação, previdência e assistência social cerca
de R$ 541,3 bilhões. Em 1995, o volume de recursos havia sido de
R$ 219 bilhões, pouco mais de 11% daquilo que a economia brasileira produzia em um ano (IPEA, 2011). A comparação ajuda a
que se percebam alguns elementos importantes, antes de tudo a
aquisição pela área social de maior legitimidade política e maior
prioridade macroeconômica. As duas últimas décadas foram pródigas em termos de ampliação do esforço governamental para dar
centralidade à questão social, ainda que este esforço tenha sido
diferenciado ao longo do período.
O Brasil acompanhou uma tendência que se manifestou em
praticamente toda a América Latina. Milhões de pessoas saíram
da pobreza e da indigência no subcontinente, tanto por força do
crescimento econômico e da recuperação do emprego, quanto
em decorrência de programas de transferência de renda. “Ao se
considerar o período compreendido entre 2002 e 2009, comprova-se que a redução da pobreza tem sido possível graças a uma
complementaridade entre os efeitos ‘crescimento’ e ‘distribuição’. Em particular, nos países onde a pobreza se reduziu em 7
pontos percentuais ou mais, ambos efeitos contribuíram para o
resultado com participações que vão de 41% a 80% no caso do
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