As ruas e a democracia. Ensaios sobre o Brasil contemporâneo | Page 125
dente Lula: a Política Industrial, Tecnológica e de Comércio
Exterior-PITCE (2003-2007) e a Política de Desenvolvimento
Produtivo-PDP (2008-2010).
Grandes empresários e trabalhadores industriais revelaram
sua disposição de cerrar fileiras com o governo (o Estado) para
viabilizar a afirmação industrial do país. Por esta trilha, o governo
procurou encontrar apoio social para sedimentar um pacto capital-trabalho que não somente respaldaria a reorientação que pretendia imprimir à política econômica, como também reduziria as
demandas que congestionavam a ação governamental.
A economia brasileira parecia estar encontrando novo rumo
e se mostrava mais madura para experimentar um ciclo de crescimento. Mas isso não significou que tivessem desaparecido
seus problemas estruturais e seus dilemas. De 2011 a 2012, a
economia não ingressou em um círculo virtuoso e ao final do
segundo ano do governo Dilma já havia sinais de que o baixo
desempenho tenderia a se cristalizar. O quadro pioraria em
2013 e os analistas do mercado começariam a falar em clima de
incerteza e em “perda de confiança” de empresários e investidores. Em junho, com os protestos, o cenário ficou turvo.
Mas é preciso relativizar as dificuldades da economia. O
crescimento do PIB continuou baixo, mas ficou maior do que o
dos anos anteriores. A taxa de desemprego permaneceu em cerca de 6% da PEA e criaram-se 826 mil empregos formais no semestre. É um bom resultado quando comparado com outros
países. A produção de bens de capital acumulou alta de 13,8%
até junho de 2013, o que sinalizou recuperação dos investimentos, puxada pela produção de caminhões. A inadimplência das
pessoas físicas caiu de 7,9% para 7,2%.
Ao abrir-se o segundo semestre de 2013, não era de se prever que a inflação explodisse, que se perdesse o controle sobre
a economia ou que se manteria a situação de antes, na qual o
baixo crescimento não afetava o mercado de trabalho, graças
III. Voo panorâmico sobre o governo Dilma
123