As ruas e a democracia. Ensaios sobre o Brasil contemporâneo | Page 124
Estudos e pesquisas sobre o social-desenvolvimentismo são
escassos. O tema frequenta sobretudo alguns círculos partidários e governamentais. A ideia de se fixar uma estratégia de desenvolvimento em países periféricos tendo o social como eixo
implica uma mudança paradigmática, já que a expansão das
forças produtivas deixa de ser o principal objetivo a alcançar.
Continua evidentemente relevante, mas se subordina ao desenvolvimento social.
O problema principal, no modelo, diz respeito aos fatores
que impulsionam o crescimento. Regra geral, ao menos no Brasil dos últimos anos, esses fatores seriam encontrados na ampliação do consumo de massas fundada na redistribuição da
renda. Ou seja, sua ênfase esteve na recuperação do mercado
interno como propulsor, aposta que, em princípio, congregaria
os interesses do capital e do trabalho.
Para sustentar essa estratégia – que depende da possibilidade
de que se mantenham políticas distributivas de longo prazo – o
governo Dilma reiterou as alianças feitas durante os oito anos de
Lula e buscou consolidar o relacionamento entre o Estado, o empresariado industrial, os trabalhadores e setores da classe média.
(CARNEIRO, 2013). Seu principal instrumento de ação foi
O Plano Brasil Maior 2011/2014 – Inovar para competir, Competir
para Crescer (PBM), anunciado em agosto de 2011 e saudado por
muitas vozes como expressão de uma inflexão nacionalista e protecionista na política econômica brasileira.
O plano pretendia estabelecer a política industrial, tecnológica, de serviços e de comércio exterior do período do novo governo (201