As ruas e a democracia. Ensaios sobre o Brasil contemporâneo | Page 106
As minorias do mal não serão vencidas com cassetetes, balas
de borracha ou prisões. Hoje é tempo de assimilar os que se apresentam como exterminadores vindos do futuro mas têm raízes
nas terras ancestrais da humanidade primitiva. Só a democracia
pode isolá-los. Elas barbarizam com sua retórica adjetivada e
grosseira, com sua estética copiada de filmes norte-americanos e
sua agenda maximalista mal ajambrada e insensata. Mas o único
jeito de confrontá-las é com a palavra, com mais democracia e
com a firmeza do gestual dialógico. Hay que endurecerse pero sin
perder la ternura jamás!
Os democratas sempre lutam para defender, ampliar e revitalizar a democracia. É o que os une. No Brasil, isso passa pelo
reconhecimento de que o sistema existente atingiu um ponto de
saturação e esgotamento.
Os democratas não são da situação ou da oposição. Estão
nas ruas e nos palácios. Não aceitam a indigência teórica das
oposições, sua mesquinhez e seu alheamento em relação às exigências da hora presente. Também não aceitam a arrogância e a
paralisia propositiva do PT e do governo, sua recusa de assumir
a coordenação política do país.
Os democratas estão por aí e deveriam demarcar com clareza sua presença. [O Estado de S. Paulo, 27/07/2013]
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As ruas e a democracia