CARACTERIZAÇÃO
DA
POPULAÇÃO
A ENVELHECER
-1 COM
EM -1 PORTUGAL:
VIH
CARACTERIZAÇÃO DA
POPULAÇÃO
A ENVELHECER
COM
VIH
EM PORTUGAL:
ESTUDO MULTICÊNTRICO
E OBSERVACIONAL
PARA
AVALIAR
AS COMORBILIDADES
ESTUDO
MULTICÊNTRICO
E OBSERVACIONAL
PARA
AVALIAR
AS COMORBILIDADES
– AGING
MAIS FREQUENTES
DOENTES
COM
MAIS
DE 50
POSITIVE
MAIS
FREQUENTES DOS
DOS
DOENTES
COM
MAIS
DE ANOS
– 50 AGING
ANOS
POSITIVE
Serrão R 1, Velez J 2, Maltez F 3, Tavares A 4, Pacheco P 5, Mansinho K 6, Neves I 7, Sarmento E Castro R4 , Almeida JC 8, Pássaro L 8
1. Serviço de Doenças Infeciosas, Centro Hospitalar de São João, Porto, Portugal; 2. Serviço de Infeciologia, Centro Hospitalar do Baixo Vouga, Aveiro, Portugal; 3. Serviço de Doenças Infeciosas, Centro Hospitalar Lisboa Central, Hospital Curry Cabral, Lisboa, Portugal; 4. Serviço de Doenças Infeciosas, Centro Hospitalar do Porto, Porto, Portugal; 5.
Serviço de Doenças Infeciosas, Hospital Prof. Dr. Fernando da Fonseca, Amadora, Portugal; 6. Serviço de Doenças Infeciosas, Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, Hospital Egas Moniz, Lisboa, Portugal ; 7. Serviço de Infeciologia, Unidade Local de Saúde de Matosinhos, Matosinhos, Portugal; 8. MSD Lda, Paço de Arcos, Portugal
Métodos
Introdução
• A terapêutica antirretrovírica combinada (TARV), aliada a uma
melhoria nos cuidados de saúde, levaram a que, hoje em dia, a
infeção por VIH seja considerada uma doença crónica (1). Os
indivíduos infetados vivem mais tempo traduzindo-se no
envelhecimento desta população (2).
• É fundamental melhorar o conhecimento sobre esta população,
caracterizando as comorbilidades e as co-medicações mais
comuns.
• O estudo AGING POSITIVE visou determinar a frequência das
Comorbilidades Não-definidoras de SIDA (CNDS) em indivíduos
acima dos 50 anos infetados por VIH-1. Foram ainda descritas as
co-medicações
atuais
e
investigadas
as
características
sociodemográficas e clínicas associadas ao número de CNDS.
• Estudo multicêntrico, observacional e transversal conduzido entre Novembro de 2015 e Junho de 2016 em 7 centros Portugueses especializados
em VIH/SIDA.
• Foram incluídos indivíduos com idade ≥50 anos, infetados por VIH-1, sob TARV estável e com carga vírica indetetável (<50 cópias/mL), ambos
há pelo menos 6 meses.
• A informação foi obtida através dos processos clínicos e incluiu características sociodemográficas e relativas à infeção por VIH, CNDS e
medicações concomitantes de interesse.
• CNDS de interesse: diabetes mellitus, hipercolesterolemia, hipertensão arterial, enfarte agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral,
insuficiência renal, litíase renal, Hepatite C crónica, Hepatite B crónica, enfisema/bronquite, neoplasias não-associadas à SIDA, osteoporose e
depressão/ansiedade crónica. O objectivo primário foi definido como a distribuição das CNDS.
• Co-medicações de interesse: antidislipidémicos, anti-hipertensivos, antidepressivos ou ansiolíticos, insulina ou antidiabéticos orais,
antiplaquetários ou anticoagulantes, broncodilatadores, inalados ou outro tipo de esteroides, tratamentos para osteoporose e para Hepatite C.
• Estatísticas descritivas foram utlizadas para caracterização demográfica e clínica dos participantes: média, mediana, desvio padrão e mínimo e
máximo (para variáveis quantitativas) ou por frequências absolutas e relativas (para variáveis qualitativas). Modelo de regressão linear
multivariável permitiu investigar a associação de características demográficas e clínicas de interesse com o número de CNDS.
Resultados
• Um total de 401 doentes foram incluídos. A idade média dos doentes foi de 59,4 ± 7,5 anos e 72,6%
• As co-medicações mais frequentes à data da consulta foram antidislipidémicos (49,6%), anti-
hipertensivos (39,4%) e antidepressivos/ansiolíticos (17,7%), que estão de acordo com as
eram do sexo masculino (Tabela 1).
comorbilidades identificadas. (Figura 2 ).
Tabela 1. Características sociodemográficas, N=401
Idade (anos), média ± DP (min-máx)
59,4 ± 7,5 (50-87) Antidislipidémicos
291 (72,6) Anti-hipertensivos
Masculino, n (%)
Raça, n (%), N=400
Caucasiano
Outro
Antidepressivos/ansiolíticos
365 (91,2)
35 (8,8)
Fumador (passado ou atualmente), n (%)
13,0
11,5
Antiplaquetários/anticoagulantes
31 (7,7)
Broncodilatadores, ou outros esteróides
Uso de drogas ilícitas n (%)
Nunca
Passado
Atualmente
332 (82,8)
59 (14,7)
10 (2,5)
6,7
6,0
Tratamento para osteoporose
Tratamento para Hepatite C
N, amostra geral. DP, desvio padrão
1,7
0,0
5,0
• A duração média da infeção foi de 12 anos (Tabela 2). O contacto heterossexual foi o modo de
transmissão mais frequente de infeção (66,3%). A mediana de CD4 no momento do diagnóstico e na
•
O modelo de regressão linear múltipla otimizado mostrou uma associação positiva estatisticamente
significativa entre o número de CNDS e a idade (B=0,032, p=0,0003) e a duração da infeção por
Tabela 2: Características clínicas, N=401
Duração da infeção (anos), média ± DP (min-máx) a)
•
Contacto heterossexual
Homem que teve relações sexuais com outro homem
Uso de drogas intravenosas
Parenteral
Outros
266 (66,3)
65 (16,2)
59 (14,7)
1 (0,2)
10 (2,5)
RNA de VIH-1 no plasma no diagnóstico (cópias/mL), mediana (min-máx), N=333
Relativamente à associação entre a presença de pelo menos uma CNDS com as variáveis de
interesse clínico, verificou-se que as mulheres tinham um risco aumentado de ter pelo menos uma
CNDS (OR=2,870, p=0,032) - tabela não apresentada.
Tabela 3. Modelo de regressão linear multivariada otimizado em função do número de CNDS
Modelo inicial
102 000 (20 - 1x10 7 )
Contagem de CD4 no diagnóstico (células/mm 3 ), mediana (min-máx), N=361 272,0 (1 – 1255)
Última contagem CD4 (células/mm 3 ), mediana (min-máx) 589,0 (10 – 2195)
Diagnóstico tardio (CD4 <350 células/mm 3 ), n (%)
214 (59,3)
Estadio CDC VIH-1 (>20%) b) N=388
A1
A2
C3
78 (20,1)
106 (27,3)
86 (22,2)
Duração da TARV (anos), mediana (min-máx), c) N=400
10,0 (1 - 27)
[6 meses – 1 ano[
[1 - 5 anos[
[5 - 10 anos[
[10 -15 anos[
[15 - 20 anos[
≥ 20 anos
c)
VIH-1 (B=0,039, p=0,0005) (Tabela 3).
12,0 ± 6,2 (1-29)
Modo de transmissão, n (%)
a)
10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0
Percentagem de doentes
Figura 2. Distribuição das co-medicações de interesse
última avaliação foi de 272,0 e 589,3 células/mm 3 , respetivamente. No diagnóstico, 59,3% dos doentes
apresentava CD4 <350 células/mm 3 (diagnóstico tardio).
49,6
17,7
Insulina/antidiabéticos orais
191 (47,6)
Alcoolismo crónico, n (%)
39,4
0 (0,0)
87 (21,8)
111 (27,8)
93 (23,3)
77 (19,3)
32 (8,0)
Modelo otimizado
B IC 95% para B Valor p
Referência
0,23 -0,06 – 0,52 0,112
0,03 0,02 – 0,05 0,04 0,02 – 0,06 B IC 95% para B Valor-p
0,0003 0,032 0,04 – 0,05 0,0003
0.0005 0,039 0,02 – 0,06 0,0005
Sexo, n (%)
Masculino
Feminino
Idade (anos)
Duração da infeção
(anos) †
Valor-p
R 2
0,052 <0,0001
<0,0001 0,049
A "duração da infeção" e a "duração da TARV" foram elegíveis para inclusão no modelo multivariável. No entanto, devido à alta
correlação entre ambas as variáveis, apenas a primeira foi incluída, dado que mostrou maior associação com o número total de
comorbilidades não-definidoras de SIDA; † Duração da infeção foi incluída como uma variável continua; B: Coeficiente de regressão Beta;
R 2 : R-squared foi usado para testar a qualidade de ajuste do modelo.
Tempo decorrido desde o ano do diagnóstico até ao ano da consulta do estudo; b) Percentagem de doentes > 20%
Tempo desde o diagnóstico até à última contagem das células CD4; N, amostra geral.
• As CNDS mais comuns foram a hipercolesterolemia (60,8%), hipertensão arterial (39,7%) e
depressão/ansiedade crónica (23,9%) (Figura 1).
• O envelhecimento da população infetada pelo HIV mudou o paradigma da gestão da infeção para a
3,7
Acidente vascular cerebral
Enfarte agudo do miocárdio
Hepatite B crónica
Osteoporose
Insuficiência renal
Neoplasias não associadas a VIH/SIDA
Enfisema/bronquite
Litíase renal
Diabetes mellitus
Hepatite C crónica
Depressão/ansiedade crónica
Hipertensão arterial
Hipercolesterolemia
comunidade médica.
3,5
4,2
• Observou-se uma elevada prevalência de CNDS na população VIH-1 ≥ 50 anos. Hipercolesterolémia e
hipertensão arterial foram as CNDS mais frequentes.
5,7
8,0
8,0
• A duração de infeção por VIH e a idade tiveram uma associação positiva com o número de CNDS.
9,0
11,2
13,5 Referências
14,2 (1) Deeks SG, Lewin SR, Havlir DV (2013) The end of AIDS: HIV infection as a chronic disease. Lancet 382: 1525-1533
23,9
(2) Samji H, Cescon A, Hogg RS, Modur SP, Althoff KN, et al. (2013) Closing the gap: increases in life expectancy among
39,7
treated HIV-positive individuals in the United States and Canada. PLoS One 8: e81355
60,8
-
Conclusões :
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
Percentagem dos doentes
Figura 1. Distribuição das comorbilidades Não-definidoras de SIDA
60,0
70,0
Agradecimentos
Luís Veloso e Daniela Carvalho – Eurotrials, Scientific Consultants.
Apresentado nas 11ª Jornadas de Atualização de doenças infeciosas, 25 e 26 Janeiro, 2018, Lisboa, Portugal