A Teia de Penélope Penélope 1 | Page 23

Não consigo pregar olho! Quem será o misterioso estranho que, com o mesmo modo hábil e seguro de Ulisses, conseguiu ganhar a competição? Que loucura! Não pode ser. Não posso acreditar… Euricleia acordou-me, estava eu a dormir na cadeira de baloiço onde o cansaço, por fim, me tinha vencido. As suas palavras estão gravadas na minha mente e no meu coração como umas das mais doces que já ouvi: “Acorda Penélope, querida filha, para veres com os teus olhos o que desejaste dia após dia. Ulisses voltou e exterminou os arrogantes pretendentes que afligiam a tua família, devoravam a tua fortuna e oprimiam o teu filho.” Inicialmente, pensei tratar-se de um sonho, mas depois, pouco depois, tudo percebi e não foi preciso esperar que Euricleia dissesse que Ulisses era o forasteiro, porque, no espaço mais íntimo de mim, o meu coração, já o sabia. Resta-me agora ir ao seu encontro e tomá-lo nos meus braços. Meu querido ULISSES!