Continuo sem ter notícias de Ulisses!
O meu pai começa a achar que ele morreu e que, segundo a
tradição, devo começar a pensar em escolher um
pretendente nobre para ocupar o seu lugar. “As mulheres
não se querem sozinhas”, diz. Eu é que não quero pensar
nisso. Ulisses cumprirá a sua promessa e regressará e eu cá
estarei à sua espera, custe o que custar.
Cumprirei a
minha
promessa!
Cada dia que passa Telémaco pergunta mais pelo pai e eu já não sei o
que lhe dizer.
Vivo, ou melhor
sobrevivo, cada
vez mais inquieta
e angustiada.
Convictos da morte de Ulisses, os pretendentes começam a surgir
como cogumelos. Sinto-me que estou entre a espada e a parede. Não
sei o que vou fazer. Acho que estou a perder o controlo da situação.
Ser mulher e não poder ter o comando do meu próprio destino é
revoltante.
Tenho de arranjar uma maneira de ganhar tempo e de conseguir
resistir às investidas dos interesseiros homens que me começam a
fazer a corte.
Não deixo de pensar em Ulisses, o meu amado esposo. Dentro de
mim, algo me diz que ele está vivo e que regressará para casa.