A Teia de Penélope Penélope 1 | Page 16

Continuo sem ter notícias de Ulisses! O meu pai começa a achar que ele morreu e que, segundo a tradição, devo começar a pensar em escolher um pretendente nobre para ocupar o seu lugar. “As mulheres não se querem sozinhas”, diz. Eu é que não quero pensar nisso. Ulisses cumprirá a sua promessa e regressará e eu cá estarei à sua espera, custe o que custar. Cumprirei a minha promessa! Cada dia que passa Telémaco pergunta mais pelo pai e eu já não sei o que lhe dizer. Vivo, ou melhor sobrevivo, cada vez mais inquieta e angustiada. Convictos da morte de Ulisses, os pretendentes começam a surgir como cogumelos. Sinto-me que estou entre a espada e a parede. Não sei o que vou fazer. Acho que estou a perder o controlo da situação. Ser mulher e não poder ter o comando do meu próprio destino é revoltante. Tenho de arranjar uma maneira de ganhar tempo e de conseguir resistir às investidas dos interesseiros homens que me começam a fazer a corte. Não deixo de pensar em Ulisses, o meu amado esposo. Dentro de mim, algo me diz que ele está vivo e que regressará para casa.